A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, não vetou o uso do hijab nas escolas do país em 2023

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 14:43
2 minutos de leitura
Por Tomás VIOLA, AFP Argentina, AFP Brasil

Até 6 de dezembro de 2023, não existe nenhuma medida em vigor que proíba o uso do hijab em escolas públicas ou privadas na Itália. Porém, desde meados de novembro, publicações com mais de 3 mil compartilhamentos nas redes sociais alegam que a primeira-ministra Giorgia Meloni vetou o uso do véu em todas as instituições de ensino italianas. Não há registro da suposta medida em nenhum meio de comunicação do país ou em discussões parlamentares recentes, nem registros sobre a norma no Diário Oficial da Itália.

“ÚLTIMAS NOTÍCIAS: Georgia Meloni PROÍBE a partir de amanhã o uso do Hijab em escolas públicas e privadas em toda a Itália. Você apoia esta poderosa medida do patriota Meloni?”, diz a legenda de uma publicação no X (antes Twitter).

A alegação também circula no Facebook, no Instagram e em publicações em espanhol.

Captura de tela feita em 4 de dezembro de 2023 de uma publicação no X ( .)

O hijab é uma vestimenta usada por algumas mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça e o pescoço, deixando o rosto exposto.

Quase 3 milhões de muçulmanos residem na Itália, segundo estimativas do instituto Pew Research Center. No entanto, ao contrário do que alegam as postagens, não há nenhuma medida que vete o uso do véu islamico nas escolas do país.

Proibição inexistente

Uma pesquisa no Google com palavras-chave como “Meloni”, “escolas” e “hijab” não encontrou publicações em nenhum meio de comunicação italiano ou internacional que sustente a alegação viral.

No site do Senado italiano tampouco foram localizados registros de normas recentes que proíbem ou limitam o uso do hijab, assim como não foram achadas leis a respeito na página administrada pela Presidência do Conselho de Ministros, fonte que compila os regulamentos oficiais e atualizados da Itália.

Por meio de uma revisão das publicações do Diário Oficial italiano a partir de 19 de novembro – data em que a proibição teria entrado em vigor, segundo as postagens –, a AFP confirmou que não foi divulgada nenhuma medida ou regulamentação indicando uma limitação ou proibição do uso do hijab em escolas públicas ou privadas do país.

O escritório da AFP em Roma também indicou que não recebeu nenhum relatório indicando que tais medidas foram tomadas ou estão sendo consideradas.

A AFP procurou o Ministério da Educação italiano e não recebeu resposta até o momento de publicação desta verificação.

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