Vídeo sobre pedido do PL para anular eleições é de novembro de 2022; TSE negou solicitação

  • Publicado em 17 de outubro de 2023 às 17:04
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Uma reportagem que menciona um pedido do Partido Liberal (PL) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de anulação das eleições presidenciais de 2022 voltou a circular na primeira semana de outubro de 2023 e foi compartilhada nas redes sociais por mais de 30 mil usuários. Mas o vídeo é o trecho de uma matéria de novembro do ano passado. Na época, a solicitação foi negada pelo ministro Alexandre de Moraes, que também condenou a coligação do então presidente Jair Bolsonaro a pagar uma multa de R$ 22,9 milhões.

“O PL vai pedir a anulação das eleições de 2022”, diz a legenda de uma das publicações que compartilham a reportagem no TikTok, no Instagram e no Facebook.

O trecho veiculado, de 1 minuto e 27 segundos, reitera que “o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, vai pedir ao TSE a anulação das eleições de 2022”.

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Captura de tela feita em 6 de outubro de 2023 de uma publicação no Facebook ( .)

Uma busca reversa com fragmentos do conteúdo viral usando a ferramenta InVid-WeVerify* levou à sequência original, uma reportagem transmitida pela Jovem Pan em 15 de novembro de 2022.

Em 22 de novembro de 2022, o Partido Liberal, de fato, solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral a anulação dos votos computados em 280 mil urnas eletrônicas usadas no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro. À época, o partido do então presidente Jair Bolsonaro fez o pedido com base em um relatório elaborado por uma consultoria contratada pelo próprio PL.

No documento, o partido pontua que “todas as urnas eletrônicas anteriores ao modelo UE2020 (i.e., UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015) exibiram, após o encerramento do procedimento de votação, em flagrante e insuperável falha sistêmica, o número de LOG genérico 67305985”.

Além do documento, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, expressou em uma entrevista coletiva, que repercutiu nas redes sociais, que havia uma possibilidade de fraude no resultado das eleições. Costa Neto afirmou que a numeração havia se repetido em mais de 250 mil urnas e culpou o Tribunal Superior Eleitoral pela suposta falha.

“Isso é culpa dos funcionários do TSE. A direção do TSE não tem conhecimento disso”, afirmou. “Temos tudo comprovado, tudo fotografado, tudo colocado em cartório”, completou.

Apesar das alegações, uma verificação da AFP mostrou que as urnas podem ser identificadas mesmo sem o número de série, diferentemente do que alegava o pedido do PL na época.

O pedido já foi negado e a coligação multada

Em 23 de novembro de 2022, um dia após a solicitação do Partido Liberal e também da publicação da reportagem viral, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negou o pedido do PL.

O ministro aplicou aos partidos da coligação Pelo Bem do Brasil, que lançou Bolsonaro à reeleição à Presidência, uma multa de R$ 22,9 milhões por “litigância de má-fé”. Foi determinada, ainda, a suspensão de repasses do fundo partidário para a coligação até o pagamento da multa. A dívida foi quitada em fevereiro de 2023 pelo PL, que teve suas contas desbloqueadas.

Ainda em 23 de novembro de 2022, o TSE enviou uma nota técnica à AFP na qual afirmou que o documento do PL continha “informações equivocadas” e que “não há razão técnica para invalidar ou levantar suspeição sobre as votações registradas nas urnas de modelos 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015”.

*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.

Referências

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