Conversa entre médicos que revelaria fraude no transplante de Faustão é uma montagem
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- Publicado em 6 de setembro de 2023 às 18:33
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- Por AFP Brasil
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“Será que eles acharam mesmo que iríamos acreditar que Faustão respeitou a fila”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram e no TikTok.
A sequência viral mostra o histórico de conversas no aplicativo de mensagens WhatsApp entre dois supostos médicos. Um deles diz que “finalmente” havia chegado o coração para uma mulher que estaria em primeiro lugar na fila de transplante. Como resposta, o outro médico diz que, “por ordens superiores”, o órgão iria para um paciente, de 73 anos, internado no começo do mês de agosto, que teria “prioridade” por ter poder e influência.
Usuários alegam que o paciente em questão seria o apresentador de TV Fausto Silva, internado desde 5 de agosto com um quadro de insuficiência cardíaca. Ele passou pelo procedimento de transplante de coração em 27 de agosto de 2023, após 20 dias de espera na fila pelo órgão.
No entanto, a alegação de que essa seria uma conversa vazada sobre irregularidades na organização da fila de transplantes no Brasil é falsa.
Através de uma marca d’água contida no vídeo viral, foi possível chegar à sequência original: ela foi extraída de uma página no TikTok chamada “Histórias do Whats”. Na legenda original, há um esclarecimento de que o vídeo mostra uma “conversa montada com personagens fictícios” e que qualquer “semelhança com a realidade” seria mera coincidência.
Transplante de órgãos no Brasil
As publicações virais foram compartilhadas depois de rumores nas redes sociais de que o apresentador teria sido beneficiado e passado na frente na fila do transplante de órgãos. À época, veículos de comunicação repercutiram o caso (1, 2).
Em nota divulgada no site do Ministério da Saúde, a pasta afirmou que o apresentador foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde e que a lista para transplantes é baseada em “critérios técnicos”, em que “tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados”.
O ministério assinala, ainda, que “a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada”.
No Brasil, a regulamentação do processo de doação e transplantes de órgãos é feita pelo Sistema Nacional de Transplantes. Os possíveis doadores podem ser vivos ou falecidos.