Magno Malta não disse que PT ofereceu R$ 50 bi ao TSE pela inelegibilidade de políticos do PL
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- Publicado em 22 de agosto de 2023 às 18:46
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- Por AFP Brasil
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“Gravíssimo PT ofereceu 50 bilhões para TSE tornar inelegíveis todos deputados e senadores do PL”, diz o texto inserido no vídeo compartilhado no X (antes Twitter). O conteúdo circula também no Facebook, no TikTok e no Kwai.
Uma busca por palavras-chave no Google levou à sequência original, publicada no perfil do senador no Instagram em 9 de dezembro de 2022.
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Na sequência original, Malta diz que soube pela imprensa que o Partido dos Trabalhadores (PT) teria entrado com uma ação no TSE para tornar inelegíveis políticos e parlamentares da bancada do Partido Liberal (PL), incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o próprio Magno Malta.
Em nenhum momento da gravação o senador menciona que o PT teria oferecido dinheiro ao TSE em troca da inelegibilidade desses parlamentares.
Uma pesquisa pelas palavras-chave “50 bilhões PT TSE” tampouco trouxe como resultado reportagens de veículos de imprensa noticiando essa informação.
Procurada pelo AFP Checamos, a assessoria de imprensa de Malta confirmou que “as afirmações sobre o ‘PT ter oferecido 50 bilhões ao TSE para tornar inelegíveis todos os deputados e senadores do PL’ são falsas”.
“O senador jamais proferiu tais palavras relacionadas a dinheiro. Na verdade, o conteúdo original do vídeo abordava uma discussão sobre uma ação que envolvia não apenas o senador, mas também outros membros do partido”, acrescentou a assessoria do parlamentar.
Inelegibilidade de todos os parlamentares do PL?
O mesmo vídeo do senador já havia circulado em abril de 2023 junto à alegação de que o PT teria pedido ao TSE a cassação de todos os parlamentares do PL. À época, esses conteúdos foram verificados pela AFP.
Como explicado pela AFP, de fato, em 8 de dezembro de 2022, a campanha de Lula entrou com um processo no TSE contra integrantes específicos do Partido Liberal, mas não pedindo a cassação da totalidade da bancada da legenda.
A ação da coligação do presidente Lula — formada por PT, PC do B e PV — acusou os deputados federais pelo PL Bia Kicis, Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, os senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, além da chapa presidencial formada por Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto, de “uso indevido dos meios de comunicação social e abuso de poder político”.
No total, portanto, a ação envolve cinco deputados, dois senadores e dois membros do PL que atualmente não possuem mandato (Jair Bolsonaro e Braga Netto). Já a totalidade da bancada do PL é composta por 99 deputados e 12 senadores, números consideravelmente superiores aos citados no processo.
O processo pode ser consultado publicamente na Consulta Pública Unificada do TSE. Até o momento de publicação desta checagem, em agosto de 2023, a ação ainda estava em tramitação.
Em 30 de junho de 2023, o TSE declarou Jair Bolsonaro inelegível por oito anos por considerar que o ex-presidente praticou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a reunião com embaixadores estrangeiros em 18 de julho de 2022, no qual foram proferidas alegações falsas sobre as urnas eletrônicas. A decisão, porém, não foi motivada pelo processo movido pela coligação do PT, e sim por uma ação movida pelo PDT.