Suposta fala de Deltan Dallagnol sobre salário de mulheres tem origem em publicação satírica
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- Publicado em 10 de maio de 2023 às 21:39
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- Por AFP Brasil
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“‘Não é de Deus. Mulheres devem se resignar em ganhar menos. A submissão ao homem deve ser até na remuneração. Está na Bíblia’. Sim, estas são as palavras do Dallagnol ao justificar a disparidade salarial entre homens e mulheres. É indigno, nojento. Eu tenho pavor dessa escória”, dizem as mensagens, compartilhadas centenas de vezes no Twitter, no Instagram, no Facebook, no YouTube e no TikTok.
O tuíte faz referência ao Projeto de Lei 1085/23, do Poder Executivo, que equipara salários de homens e mulheres em cargos com a mesma função ou de igual valor. O texto foi aprovado na Câmara e segue para análise no Senado.
Apenas 36 parlamentares foram contra a aprovação na Câmara, e 325 foram favoráveis. Entre os contrários, está o ex-procurador Deltan Dallagnol.
Perfil satírico
O texto viral tem origem no perfil “@GloboFakeNews” no Twitter, cujo nome aparece na captura de tela de algumas publicações. Uma análise da conta deixa evidente que trata-se de postagem com intenção satírica.
A descrição do perfil diz: “a verdade revelada através da fake news”. Além disso, há diversos outros tuítes que têm como alvo políticos bolsonaristas e outras figuras conservadoras, como o pastor Silas Malafaia.
O Comprova, projeto do qual a AFP é parceira, contatou o autor da página, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Também não foram encontrados registros de que Dallagnol tenha justificado seu voto da forma como diz o tuíte ou de qualquer outra.
Tampouco foram encontradas postagens em suas redes sociais a respeito do projeto de lei. O registro da sessão do dia 4 de maio, quando ocorreu a aprovação, mostra que ele sequer discursou naquela ocasião.
Ainda assim, o Comprova contatou a assessoria de imprensa do deputado, que confirmou que “o plenário foi virtual, então, ele nem falou na Tribuna”.
O conteúdo também foi verificado pelo Boatos.org e pelo Aos Fatos.
Esse texto faz parte do Projeto Comprova. Participaram jornalistas da Folha de S.Paulo e de A Gazeta. O material foi adaptado pelo AFP Checamos.