Relatório da UFSM não apontou traços de agrotóxico no arroz orgânico produzido pelo MST

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  • Publicado em 10 de maio de 2023 às 21:19
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  • Por AFP Brasil
Não é verdade que, segundo uma análise laboratorial, o arroz orgânico produzido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contém agrotóxico na sua composição, como asseguram publicações com mais de 39 mil visualizações nas redes sociais desde 26 de abril de 2023. O relatório produzido pelo Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), citado no vídeo viral, diz justamente o contrário: que não encontrou resíduos de produtos químicos nas amostras do produto.

“ARROZ ORGÂNICO DO MST É FAKE…”, diz a legenda de publicações no Facebook. Conteúdo semelhante é compartilhado no Instagram, no Twitter, no TikTok, no Telegram e no Kwai.

Em sua maioria, a alegação circula junto a um vídeo em que o vereador de Porto Alegre Ramiro Rosário (PSDB) diz ter em mãos “uma denúncia de fraude contra o consumidor porto-alegrense” envolvendo o arroz orgânico e sem agrotóxicos vendido pelo MST.

E prossegue: “A companheirada do MST não imaginava que temos e teríamos condições de mandar fazer uma análise de laboratório sobre este produto. [...] Escolhemos o Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas da Universidade Federal de Santa Maria. E, para a nossa surpresa, ou não tão surpresa assim, o que foram encontrados dentro destes produtos? Em 54 tipos de insumos de componentes que são utilizados em defensivos agrícolas, mais que o dobro do mínimo detectável [...] Ou seja, o arroz orgânico do MST é arroz fake! É fraude! É crime de propaganda enganosa!”.

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Captura de tela feita em 9 de maio de 2023 de uma publicação no TikTok ( .)

O vereador menciona o Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas (LARP), que faz parte do Departamento de Química e do Centro de Ciências Naturais e Exatas da Universidade Federal de Santa Maria.

Mas uma busca por palavras-chave levou a uma nota do LARP, divulgada em 27 de abril de 2023, rebatendo a alegação e afirmando que sua análise apontou justamente o contrário, que foi validado por um ofício do Ministério da Agricultura:

O texto afirma ainda que a alegação viral é “totalmente desprovida de suporte comprobatório”.

O ofício do Ministério da Agricultura, disponível na nota do LARP, detalha que a pasta abriu um processo administrativo para verificar o tema após a apresentação da denúncia. Mas que, ao consultar o laudo citado, verificou que os dados ali expressos “não sustentavam as conclusões de presença de ingredientes ativos de agrotóxicos”.

Posteriormente, confirmou a informação com o responsável técnico e signatário dos laudos do LARP:

“Conforme acima exposto, os dados constantes dos laudos levam a conclusão diametralmente oposta à veiculada na notícia, isto é, as amostras analisadas não continham qualquer resíduo de agrotóxicos”, diz o ofício do Ministério da Agricultura.

Em nota, o MST contestou as alegações compartilhadas nas redes sociais: “O MST repudia mais essa fake news e reafirma o seu compromisso com a produção de alimentos sem agrotóxicos”.

Este conteúdo também foi verificado pelo Aos Fatos e pelo UOL Confere.

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