Exército não “retirou à força” Mauro Cid da PF; o oficial foi apenas transferido para prisão militar

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  • Publicado em 9 de maio de 2023 às 21:29
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
O Exército não “retirou à força” Mauro Cid das dependências da Polícia Federal onde estava detido, diferentemente do que afirmam usuários nas redes sociais. A alegação, compartilhada centenas de vezes desde 4 de maio de 2023, circula junto de um trecho do “Jornal da Manhã” da Jovem Pan News. Mas, em momento nenhum da reportagem noticiou-se que ele teria sido retirado à força da PF: a matéria relatava a transferência de Cid para um presídio militar, já que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) é oficial das Forças Armadas. A PF e o Superior Tribunal Militar também negaram a alegação.

“Exército entra na sede polícia federal e retira a força oficial preso ontem”, diz texto sobreposto ao vídeo compartilhado no Facebook, no Twitter, no TikTok e no Instagram.

O vídeo viral mostra um trecho de um jornal da emissora Jovem Pan News. Nele, um repórter diz que o Exército e a Polícia Federal teriam participado da busca e apreensão no apartamento do tenente-coronel Mauro Cid. Ele finalizou relatando que um veículo da Polícia do Exército teria levado o oficial das dependências da PF para as do Exército.

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Captura de tela feita em 8 de maio de 2023 de uma publicação no Facebook ( .)

A alegação circula nas redes após a deflagração da Operação Venire, em que a Polícia Federal investiga a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas de Saúde, incluindo os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em consequência da operação, Mauro Cid, oficial e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi preso no último dia 3 de maio.

No entanto, a reportagem da Jovem Pan News atrelada à alegação - retirada do programa Jornal da Manhã - não trazia a informação de que Cid teria sido retirado “à força” da prisão por militares.

Na verdade, a matéria relatava que o oficial havia sido transferido das dependências da Polícia Federal para as do Exército, em Brasília, onde ficaria detido. Outros veículos de comunicação também noticiaram o fato (1, 2).

Esse rito está previsto nos Artigos 73 e 74 do Estatuto dos Militares, em que determina-se que um militar da ativa das Forças Armadas deve cumprir pena de prisão ou detenção em estabelecimento militar e não em presídio civil.

O Artigo 74 deixa claro, também, que caso um oficial seja preso por autoridade policial em flagrante delito, esta fica obrigada a entregá-lo imediatamente à autoridade militar mais próxima.

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Captura de tela feita em 9 de maio de 2023 do Estatuto dos Militares ( . / Admintech)

Em e-mail ao AFP Checamos enviado dia 5 de maio de 2023, a Polícia Federal reiterou que trata-se de “uma notícia falsa” a alegação de que o Exército teria “libertado” Cid.

Também via e-mail, o Superior Tribunal Militar reiterou que o fato “não procede” e que não existe nenhuma previsão legal para “retirar” oficiais “à força”, como alegam as publicações.

Até a data da publicação desta checagem, Cid continua preso nas dependências do Batalhão de Polícia Exército do Distrito Federal sob vigilância 24 horas.

Referências

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