Vídeo que mostra operação de fiscais do Ibama é de 2020, e não “após o Lula se eleger”
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- Publicado em 19 de abril de 2023 às 21:32
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- Por AFP Brasil
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“Ibama ameaça produtor rural. O terror no Brasil após o Lula s eleger está acontecendo”, diz uma mensagem incluída no vídeo compartilhado no Facebook, no Instagram, no Twitter, no TikTok e no Kwai.
O vídeo mostra fiscais ordenando a um homem que reúna seus pertences pessoais e deixe o local. “Meu nome é Ibama. Para você, é Ibama”, diz um dos homens uniformizados em determinado momento do registro.
“Isso aqui ainda se deus quiser, o nosso presidente vai revogar isso aqui. Vamos sair agora, daqui uns dias volta. Eu creio no Bolsonaro”, diz o homem abordado pelos agentes no vídeo.
Jair Bolsonaro foi presidente do Brasil entre 2019 e 2022. Já Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seu terceiro mandato como chefe do Executivo em 1º de janeiro de 2023.
“Se for revisado depois, é outra coisa. Mas por enquanto a lei diz isso, e aí o senhor já tá orientado ta. Então a gente espera a compreensão do senhor, do senhor retirar as crianças daqui, demos prazo para o senhor fazer isso”, responde um dos fiscais do órgão ambiental.
Inicialmente, uma busca reversa por fragmentos do vídeo não trouxe resultados compatíveis. O AFP Checamos, então, questionou o Ibama sobre a gravação.
Em resposta, o órgão afirmou em 18 de abril por email que a abordagem gravada foi realizada por agentes ambientais durante “retirada de invasores na Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca”, em 2020.
Uma nova pesquisa, dessa vez no Facebook e filtrando os resultados para publicações feitas em 2020, levou a um trecho do mesmo vídeo publicado pelo atual deputado federal José Medeiros (PL - MT). “Ibama toca terror contra agricultores em Uruara”, dizia uma mensagem no vídeo publicado pelo parlamentar.
Uruará, no Pará, é um dos municípios no qual está localizada a Terra Indígena Cachoeira Seca.
O vídeo compartilhado pelo deputado também foi publicado no YouTube na mesma data:
Ainda na resposta enviada ao AFP Checamos, o Ibama detalhou que o homem visto no vídeo já havia sido advertido anteriormente sobre a ordem de desocupação, mas teria desobedecido a equipe de fiscalização.
“A operação foi realizada durante a emergência de saúde provocada pela pandemia de covid-19. Ao desencorajar a permanência de invasores na TI, os agentes também buscavam proteger os indígenas do contato com o vírus”, acrescentou o órgão.
Na época, o Ibama realizava uma operação, iniciada em abril daquele ano, para combater o desmatamento, garimpos e invasão em Terras Indígenas, incluindo a de Cachoeira Seca.
A prefeitura da cidade de Uruará chegou a mover uma ação que pedia a paralisação da operação do Ibama contra os crimes ambientais na região. Em resposta, o MPF se manifestou afirmando que a operação do órgão ambiental era legal. A Advocacia Geral da União (AGU) também assegurou na Justiça a continuidade da operação.
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