Ativista em foto com Moraes não é homem que sentou na cadeira do ministro em Brasília

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  • Publicado em 21 de março de 2023 às 22:44
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  • Por AFP Brasil
O homem visto sentado em uma cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a invasão à Praça dos Três Poderes, em janeiro de 2023, não é o mesmo que aparece ao lado do ministro Alexandre de Moraes em uma fotografia. Vídeos que somam mais de 150 mil visualizações nas redes sociais desde janeiro sugerem que o ativista e empreendedor social Raull Santiago teria sido responsável por se apossar de objetos do ministro do STF. Mas a Polícia Federal identificou e prendeu Fábio Oliveira pela participação nos ataques.

“Vejam esse BANDIDO com boné CPX que se sentou numa cadeira do STF no dia 8/1 confraternizando-se com Xandão, o Ladrão e a Janja. Preciso desenhar?”, dizem publicações no Twitter, no Facebook, no TikTok, no Instagram e no Helo, que associam imagens de Raull Santiago ao vídeo de um homem com o artefato do STF, que viralizou durante a invasão em Brasília.

Em um vídeo no Kwai com cerca de 5 mil compartilhamentos, viral também em outras redes, uma mulher questiona as supostas coincidências ao relacionar as imagens: “Deixa eu te fazer uma pergunta muito sincera: você acredita em coincidências? Ou você é daqueles, parecido comigo, que acha que coincidências não existem? (…) Vamos lá para verdades e fatos agora: olha as imagens aqui ao lado. Você vai ver aquele moço que pegou a cadeira do Xandão”, narra, enquanto se vê a imagem do homem sentado na poltrona.

Ela segue com a sua teoria: “Aí vai investigar, abrir o baú, e lá no fundo do baú tem recordações. E nas recordações, nas fotos, ele está ao lado de quem? Olha aí. Ao lado de mais quem? Olha aí. E tem outra pessoa que está ao lado dele nas fotos, do túnel do tempo”, enquanto aparecem fotos de Raull Santiago com o ministro Alexandre de Moraes, com Lula e com a primeira-dama Janja.

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Captura de tela feita em 20 de março de 2023 de uma publicação no Twitter ( .)

Raull Santiago e outras lideranças comunitárias do Complexo do Alemão têm sido alvos frequentes de campanhas de desinformação e de discurso de ódio, com tentativas de associação ao tráfico de drogas.

Dessa vez, imagens do ativista e empreendedor social circulam associadas ao homem que sentou em uma cadeira do STF na invasão à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro, o que também é falso. As publicações repetem a narrativa de que as invasões de Brasília teriam sido planejadas por “infiltrados da esquerda”.

Identificação e prisão

A imprensa noticiou em 17 de março de 2023 que o homem que participou da invasão e xingou Moraes ao se apossar de sua poltrona é Fábio Alexandre de Oliveira (1, 2).

Ele foi preso durante a oitava fase da Operação Lesa Pátria, que investiga pessoas que “participaram, financiaram, omitiram-se ou fomentaram” os ataques, divulgou a Polícia Federal em nota sobre a nova etapa.

O órgão cumpriu 46 mandados de busca e apreensão e 32 mandados de prisão preventiva nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

E acrescentou: “Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”.

Ativista e empreendedor social

Raull Santiago integra diversas iniciativas sociais, entre elas o Coletivo Papo Reto, que trabalha comunicação, direitos humanos, educação e cidadania para a garantia de direitos no Complexo do Alemão, e a Agência Brecha, hub de inteligência de favela.

Algumas publicações falsas incluem um vídeo do ativista e empreendedor social com Janja em que ele diz: “Alô Complexo do Alemão, alô Brasil! Olha quem está aqui, olha quem eu encontrei na COP [27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas]. Pega a visão”.

Na conferência, em novembro de 2022, ele participou de um painel sobre justiça climática.

Outras fotos que aparecem em postagens foram publicadas pelo próprio ativista no âmbito de sua ida à posse de Lula em Brasília (1, 2).

Quando sua imagem foi amplamente compartilhada em janeiro de 2023 com a alegação falsa de que seria um “chefão do PCC [Primeiro Comando da Capital], Raull comentou à AFP sobre o racismo atrelado às campanhas de desinformação: “A maldade das postagens fakes não doem apenas pelo ataque direto à nossa imagem, mas principalmente por sabermos que isso vem carregado de racismo e preconceito direto às favelas”.

Essa alegação também foi verificada pela Lupa e pelo Aos Fatos.

Referências:

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