Líder Yanomami Junior Hekurari denuncia casos de desnutrição de seu povo ao menos desde 2021
- Este artigo tem mais de um ano
- Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 18:09
- Atualizado em 7 de fevereiro de 2023 às 19:35
- 2 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Gente, sem querer eu cruzei com o perfil do PRESIDENTE DA URIHI YANOMAMI @JYanomami. Depois fui buscar o Instagram dele: https://instagram.com/hekurari08. Se vocês olharem, TODAS fotos no passado mostravam só índios gordinhos e felizes, DO NADA, este mês só postou fotos dos desnutridos!”, diz uma das publicações que circula no Twitter e no Facebook.
As publicações sugerem que Hekurari não teria mencionado a crise humanitária em publicações feitas antes da associação que lidera ganhar destaque na imprensa (1, 2), em janeiro de 2023, quando foram revelados casos de desnutrição grave em membros da etnia.
Mas isso não é verdade. Uma busca no perfil de Hekurari no Instagram mostra que em 2021 e 2022 ele usou a rede social para denunciar (1, 2, 3) o que vinha ocorrendo na comunidade.
“Enquanto o mundo se prepara para receber o ano de 2022, o meu povo Yanomami segue lutando para sobreviver contra a malária e desnutrição”, escreveu Hekurari em uma publicação feita em 29 de dezembro de 2021.
Em entrevistas, Hekurari também denunciava os casos de desnutrição e malária na comunidade, como nessa de 13 de setembro de 2021.
“A sociedade tem que entender que essas crianças são doentes porque não há uma atenção à saúde para as comunidades. É um descaso com a saúde, é muito precária”, disse na época.
Em outras ocasiões o líder Yanomami (1, 2) e os perfis das organizações que lidera, Urihi (1, 2) e Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami (Condisi-YY) , falaram abertamente sobre os casos de desnutrição.
Em entrevista concedida em 24 de janeiro de 2023, o presidente do Condisi-YY denunciou a omissão do governo de Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que foram enviados mais de 60 pedidos de auxílio e todos foram ignorados.
No último dia 30 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a investigação de autoridades do governo do ex-presidente Bolsonaro por “genocídio” contra a comunidade.
Além disso, segundo a nota da Corte, serão apurados os crimes de “desobediência, quebra de segredo de justiça, e de delitos ambientais relacionados à vida, à saúde e à segurança de diversas comunidades indígenas”.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, nos últimos quatro anos, ao menos 570 crianças Yanomamis morreram por contaminação de mercúrio, desnutrição ou fome.
Em 21 de janeiro de 2023, o Ministério da Saúde decretou situação de “emergência em saúde pública” no território Yanomami.
O AFP Checamos já verificou outras publicações relacionadas à crise humanitária do povo Yanomami (1, 2).