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Ministro do STF Ricardo Lewandowski não aparece em foto de presos na ditadura militar
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- Publicado em 29 de setembro de 2022 às 17:35
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Lewandowski preso em 1965 por ser comunista e terrorista do grupo MR 8!. Precisa explicar mais alguma coisa ?”, afirmam publicações compartilhadas por usuários no Facebook, TikTok, Twitter e Kwai.
A foto também foi enviada para o WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.
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Nas publicações, os usuários afirmam que, além de supostamente aparecer na imagem, o ministro Lewandowski faria parte do MR-8, um movimento de guerrilha urbana que participou da resistência armada à ditadura militar. Mas ambas as alegações são falsas.
Na imagem original, a pessoa que aparece com o rosto assinalado é o músico Ricardo Vilas Boas de Sá Rego, que havia sido preso por atuar na Dissidência Comunista da Guanabara (DI-GB), posteriormente nomeada de MR-8. O próprio músico confirmou ser a pessoa em questão, em uma entrevista para a TV Brasil em 2009, a partir do minuto 1:25.
A lista com os nomes completos dos militantes soltos na ocasião está disponível em um catálogo no site da editora Zahar, e nenhum deles é o do ministro Ricardo Lewandowski.
Ao AFP Checamos, o STF informou, por meio de sua assessoria, que as alegações de que o ministro Ricardo Lewandowski foi preso e participou do grupo MR-8 no período militar não procedem.
O caso
Na tarde de 4 de setembro de 1969, membros do MR-8 e da ALN sequestraram o embaixador norte-americano Charles Elbrick como parte de um plano para pedir a libertação de 15 prisioneiros políticos, considerados importantes lideranças dos movimentos.
Após quase três dias de negociações e de pressão por parte do governo dos Estados Unidos, os militares cederam às reivindicações dos sequestradores e transportaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) os presos para o México, onde receberam asilo político. Esse é o momento visto na imagem viralizada.
Além da soltura, os membros do MR-8 e da Ação Libertadora Nacional (ALN) exigiram a divulgação na mídia de um manifesto revolucionário contra a ditadura militar.
Paralelamente ao caso, a Junta Militar editou o Ato Institucional 13, que ampliou o “banimento do território nacional de pessoas perigosas para a segurança nacional” e o Ato Institucional 14, que passou a prever a aplicação de pena de morte ou prisão perpétua em casos de “guerra externa, psicológica, adversa, revolucionária ou subversiva”, ambos em 5 de setembro de 1969.
O caso foi amplamente retratado em filmes, livros e documentários. Nenhum desses registros consultados pelo AFP Checamos citava o ministro do STF Ricardo Lewandowski.
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