Ministro do STF Ricardo Lewandowski não aparece em foto de presos na ditadura militar

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  • Publicado em 29 de setembro de 2022 às 17:35
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  • Por AFP Brasil
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), não aparece em uma fotografia de presos políticos da ditadura militar no Brasil. A imagem, compartilhada mais de 500 vezes nas redes sociais desde 2018, mostra a soltura de militantes políticos do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e da Ação Libertadora Nacional (ALN), após uma ação que sequestrou o embaixador norte-americano Charles Elbrick. Na ocasião, os militantes foram soltos como parte do acordo para a libertação do embaixador e viajaram para o México, onde receberam asilo político.

Lewandowski preso em 1965 por ser comunista e terrorista do grupo MR 8!. Precisa explicar mais alguma coisa ?”, afirmam publicações compartilhadas por usuários no Facebook, TikTok, Twitter e Kwai.

A foto também foi enviada para o WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.

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Captura de tela feita em 27 de setembro de 2022 de uma publicação no Facebook

Nas publicações, os usuários afirmam que, além de supostamente aparecer na imagem, o ministro Lewandowski faria parte do MR-8, um movimento de guerrilha urbana que participou da resistência armada à ditadura militar. Mas ambas as alegações são falsas.

Na imagem original, a pessoa que aparece com o rosto assinalado é o músico Ricardo Vilas Boas de Sá Rego, que havia sido preso por atuar na Dissidência Comunista da Guanabara (DI-GB), posteriormente nomeada de MR-8. O próprio músico confirmou ser a pessoa em questão, em uma entrevista para a TV Brasil em 2009, a partir do minuto 1:25.

A lista com os nomes completos dos militantes soltos na ocasião está disponível em um catálogo no site da editora Zahar, e nenhum deles é o do ministro Ricardo Lewandowski.

Ao AFP Checamos, o STF informou, por meio de sua assessoria, que as alegações de que o ministro Ricardo Lewandowski foi preso e participou do grupo MR-8 no período militar não procedem.

O caso

Na tarde de 4 de setembro de 1969, membros do MR-8 e da ALN sequestraram o embaixador norte-americano Charles Elbrick como parte de um plano para pedir a libertação de 15 prisioneiros políticos, considerados importantes lideranças dos movimentos.

Após quase três dias de negociações e de pressão por parte do governo dos Estados Unidos, os militares cederam às reivindicações dos sequestradores e transportaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) os presos para o México, onde receberam asilo político. Esse é o momento visto na imagem viralizada.

Além da soltura, os membros do MR-8 e da Ação Libertadora Nacional (ALN) exigiram a divulgação na mídia de um manifesto revolucionário contra a ditadura militar.

Paralelamente ao caso, a Junta Militar editou o Ato Institucional 13, que ampliou o “banimento do território nacional de pessoas perigosas para a segurança nacional” e o Ato Institucional 14, que passou a prever a aplicação de pena de morte ou prisão perpétua em casos de “guerra externa, psicológica, adversa, revolucionária ou subversiva”, ambos em 5 de setembro de 1969.

O caso foi amplamente retratado em filmes, livros e documentários. Nenhum desses registros consultados pelo AFP Checamos citava o ministro do STF Ricardo Lewandowski.

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