O vídeo “infravermelho” de um míssil atingindo Beirute é uma montagem
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- Publicado em 7 de agosto de 2020 às 22:04
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- Tradução e adaptação AFP Brasil
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O vídeo foi compartilhado mais de 3 mil vezes no Facebook (1, 2, 3), Twitter (1, 2, 3), e Instagram, e também enviado ao WhatsApp do AFP Checamos para verificação.
Na sequência, em negativo, é possível ver uma nuvem de fumaça e uma grande explosão, após o que parece ser a queda de um míssil, aos seis segundos. “A cada minuto que passa a narrativa de acidente vai caindo por terra... Câmera infravermelho”, diz uma das postagens.
O vídeo circula de maneira semelhante em árabe, inglês, francês e espanhol.
A gravação não mostra, contudo, imagens feitas com uma câmera infravermelho, mas um vídeo em sua versão “negativa”. Uma verdadeira imagem em infravermelho é diferente da compartilhada nas redes, como visto nestas fotos.
Uma busca reversa mostra que o vídeo viralizado foi publicado originalmente em uma conta no YouTube que possuía apenas duas publicações: a gravação em negativo e outra que comparava a explosão em Beirute com bombardeios na Síria. Desde então, a conta foi eliminada da plataforma.
Uma segunda busca, desta vez pelo vídeo convertido em cores, revelou que o trecho compartilhado nas redes sociais é um fragmento de uma gravação maior, publicada no mesmo dia da explosão pela rede de notícias CNN.
A legenda do vídeo diz: “A câmera da CNN captura o momento de uma grande explosão na capital do Líbano, Beirute”. Neste vídeo, ao contrário do viralizado, não há qualquer elemento semelhante a um míssil.
Neste dia 7 de agosto, o presidente do Líbano, Michel Aoun, afirmou que a gigantesca explosão pode ter sido causada por “negligência” ou por um “míssil”.
Essa é a primeira vez que um dirigente libanês menciona essa possibilidade já que, até agora, as autoridades afirmavam que a tragédia havia sido causada por um incêndio em um enorme depósito de nitrato de amônio, uma substância química perigosa.
O AFP Checamos já verificou outro vídeo manipulado, assim como outra desinformação, sobre a explosão de 4 de agosto de 2020 em Beirute.
Em resumo, o suposto vídeo infravermelho de um míssil provocando a explosão em Beirute foi editado: o original foi gravado em cores e não mostra nada parecido com um míssil.