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Não, loja que vendeu camisa satirizando o presidente Jair Bolsonaro não é de Luciano Huck
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- Publicado em 17 de outubro de 2019 às 22:42
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Loja de Luciano Huck repasse ao máximo pra ferrar essa loja desse safado que se passa de bom moço [sic]”, diz a legenda de uma das publicações, compartilhada mais de 32 mil vezes desde o último dia 11 de outubro. A mesma alegação aparece em diversas outras postagens no Facebook e no Twitter.
Em todas, o texto acompanha um vídeo no qual uma mulher se mostra indignada ao encontrar à venda em uma loja uma camisa que ironiza o presidente Jair Bolsonaro.
A blusa é estampada com uma ilustração de Bolsonaro vestido e maquiado como palhaço, inspirado no famoso personagem Bozo, sob os dizeres “Bozonaro”.
Ao final da gravação, que não faz referência a Huck, a mulher filma a fachada da loja, mostrando que se trata de uma unidade da marca Cavalera.
No entanto, ao contrário do que afirmam as publicações viralizadas, a marca em questão não tem qualquer relação com o apresentador de TV Luciano Huck.
Uma busca no site da Receita Federal mostra que o quadro de sócios e administradores da Cavalera é composto por Alberto Hiar e Joana Hiar Abi Harb.
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Na seção “Sobre Nós” do site da loja também não há menção ao apresentador. De acordo com a descrição da marca, ela foi fundada em 1995 por Alberto Hiar e Igor Cavalera, ex-baterista da banda de heavy metal Sepultura.
Contatada pela equipe de checagem da AFP, o setor de comunicação da marca negou, ainda, que o apresentador seja dono de alguma franquia da loja.
Procurada, a assessoria de imprensa de Huck confirmou à AFP que o apresentador não tem relação com a marca. “Luciano Huck não é e nem nunca foi sócio da Cavalera”, disse ao AFP Checamos.
O vídeo de 2018
Uma busca no Google pelas palavras-chave “Cavalera” e “Bolsonaro” mostra que o vídeo agora viralizado foi gravado originalmente em junho de 2018, quando o atual presidente ainda era pré-candidato. Na época, a Cavalera afirmou, em publicação no Twitter, que o Brasil não estava “totalmente preparado para essa tal liberdade de expressão”.
A gravação voltou a viralizar agora, no momento em que Luciano Huck é mencionado publicamente como um possível candidato às eleições presidenciais de 2022.
Em entrevista concedida à revista Marie Claire no início de outubro, a esposa de Huck e também apresentadora, Angélica, falou abertamente sobre uma possível candidatura do marido. Ainda neste mês, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que a “agenda econômica” de Huck agrada o seu partido, o Democratas (DEM).
Apesar de não ter relação com o vídeo viralizado, o apresentador já esteve envolvido em outras polêmicas relacionadas a uma marca de roupas.
Em 2015, a Use Huck, e-commerce que levava seu nome, foi muito criticada por lançar uma camiseta infantil com os dizeres “Vem ni mim que eu tô facin”. Antes, a marca já tinha ganhado repercussão negativa ao colocar à venda uma camiseta com a estampa “Somos Todos Macacos”, sendo acusada de tentar lucrar com o caso de racismo envolvendo o jogador de futebol Daniel Alves. Após as controvérsias, o apresentador decidiu se desligar da marca.
Em resumo, é falso que um vídeo no qual uma mulher encontra à venda em uma loja uma camiseta que satiriza o presidente Jair Bolsonaro tenha sido gravado em um estabelecimento do apresentador de TV Luciano Huck. O nome de Huck não consta no quadro de sócios e administradores da marca e a assessoria do apresentador negou que ele tenha relação com a loja.