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Não há registro de pesquisas que indiquem que 93% das pessoas querem Lula na cadeia
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- Publicado em 19 de março de 2021 às 16:53
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Mais alguém faz parte dos 93%?”, questiona uma das publicações compartilhadas no Facebook (1, 2) e no Instagram (1, 2, 3).
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No entanto, uma busca no Google pelos termos “Lula”, “93%” e “preso” não levou a nenhuma pesquisa de opinião que apontasse esse dado.
As publicações mais antigas encontradas com essa alegação têm uma logomarca do canal do YouTube Cafezinho com Pimenta, que se apresenta como “um programa direito, da direita e para endireitar o Brasil!”.
A imagem viralizada foi publicada no Instagram do Cafezinho com Pimenta em 9 de março, dia seguinte à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou as condenações do ex-presidente, devolvendo a ele seus direitos políticos, após considerar que a Justiça Federal do Paraná não tinha competência para julgar as ações.
O AFP Checamos consultou as contas do Cafezinho com Pimenta no Instagram, no Facebook e no YouTube e não localizou nenhuma pesquisa realizada sobre o assunto que pudesse apontar o número citado.
A AFP também mandou um e-mail ao Cafezinho com Pimenta perguntando sobre a fonte do número apresentado, mas não obteve resposta até a publicação desta verificação.
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(Miguel Schincariol / AFP)
A pesquisa de opinião mais recente sobre o assunto foi feita pela consultoria Atlas Político entre 8 e 10 de março e divulgada no dia 11 em uma matéria da edição brasileira do jornal espanhol El País intitulada “Lula, Ciro e Mandetta bateriam Bolsonaro no segundo turno em 2022, mostra pesquisa Atlas”.
A consulta teve como foco medir as preferências dos brasileiros para as eleições de 2022, mas também perguntou se o eleitorado concorda com uma eventual prisão de Lula. Segundo a Atlas, 50,1% dos entrevistados disseram apoiar a prisão do ex-presidente.
Esse número é levemente inferior ao apresentado por uma pesquisa do Instituto Datafolha e divulgado pela Folha de S.Paulo em fevereiro de 2018. Na época, 53% dos entrevistados afirmaram ser a favor da prisão de Lula, que ainda não cumpria pena, mas já havia sido condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em segunda instância pelo caso do tríplex.
Em 2017, a 13ª Vara de Curitiba declarou Lula culpado de ter recebido uma cobertura tríplex na cidade costeira de Guarujá, em São Paulo, como propina da construtora OAS e, em 2019, de aceitar a realização de reformas em um sítio que frequentava em Atibaia (SP), em troca de contratos com estatais. No total, o ex-mandatário foi condenado a 25 anos de prisão e recorria em liberdade desde novembro de 2019, após cumprir parte da pena pelo caso do triplex no prédio da Superintendência da Polícia Federal.
Essa informação também foi checada pela Agência Lupa.