Foto de pessoas saudando tanque militar foi feita em 1959 em Cuba, e não em 1964 no Brasil
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- Publicado em 22 de março de 2021 às 19:05
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- Por AFP Brasil
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“1964. O povo nas ruas. Ao lado das forças armadas”, diz uma das publicações postadas no Facebook (1, 2) e no Twitter (1, 2, 3).
O ano de 1964, mencionado pelas publicações, foi o do golpe contra o governo de João Goulart que deu início a 21 anos de regime militar no Brasil.
Uma busca reversa no Google pela imagem atribuída ao ano de 1964 levou a uma notícia do jornal O Estado de S. Paulo, de 12 de junho de 2017, intitulada “Morre histórico combatente da Revolução Cubana”. Na matéria, há uma foto idêntica à das postagens viralizadas creditada ao fotógrafo norte-americano Burt Glinn, da agência Magnum.
Em uma consulta ao site da Magnum Photos, foi possível localizar a imagem original, que de fato é creditada a Glinn e data de 1959. Ela ilustra o registro intitulado “O dia em que Havana caiu”, em alusão à Revolução Cubana. Segundo a agência, o “fervor fotojornalístico permitiu que Glinn estivesse no meio da ação para capturar a Revolução Cubana conforme ela se desenrolava no terreno”.
A Revolução Cubana foi um movimento armado e guerrilheiro liderado por Fidel Castro que culminou com a destituição do presidente cubano Fulgêncio Batista de Cuba no dia 1° de janeiro de 1959.
No site da Magnum, há uma declaração sobre a ida do fotógrafo à ilha. Glinn conta que no último dia de 1958, quando estava em uma festa de Ano Novo em Nova York com amigos jornalistas, ele soube que Batista fugia para o exílio acuado pelos guerrilheiros de Sierra Maestra. O fotógrafo não hesitou e foi para Cuba, onde chegou na manhã de 1° de janeiro.
Foi nesse contexto que a foto foi feita na cidade de Santa Clara. Na imagem é possível ver placas com nomes de estabelecimentos em espanhol, como “Hotel San Carlos” e “Regalías El Cuño”, indicativos de que a imagem não foi feita no Brasil.
No site da Magnum, o registro aparece sem o dia em que foi feita e com a seguinte legenda: “Castro e seu pessoal chegam de Sierra Maestra usando qualquer meio de transporte que puderam encontrar, incluindo um tanque que pertencia a Batista”.
No site da agência fotográfica é possível observar outras imagens feitas por Glinn na mesma cobertura fotojornalística.
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