Gravação de pessoas chutando uma Bíblia foi feita nos Estados Unidos, não em universidade no Brasil
- Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 20:01
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- Por AFP Brasil
Um vídeo que mostra pessoas chutando uma Bíblia foi visualizado mais de 350 mil vezes nas redes sociais desde 14 de dezembro de 2025. As postagens sugerem que o registro teria sido feito recentemente em uma instituição de ensino superior brasileira e que seria o “futebol ateu” praticado nas “universidades federais do Lula”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso não é verdade: as imagens circulam desde 2022 e são de uma mobilização em Seattle, nos Estados Unidos.
“A nova moda nas universidades federais do Lula é o futebol ateu, onde os jovens chutam as Bíblias até destruí-las por completo. Esse vídeo foi gravado hoje, dia 12/12/2025, em São Paulo” é a frase sobreposta ao vídeo compartilhado no Facebook, no Instagram e no Threads.
Nas imagens, vê-se um grupo de pessoas chutando um livro.
Uma pesquisa por uma captura de tela do vídeo usando o Google Lens exibiu uma publicação no X, feita em 26 de junho de 2022, com uma versão mais longa da gravação. No registro, vê-se que as pessoas presentes no momento conversam entre si em inglês.
A legenda da publicação diz, em tradução livre para o português: “A profanação do material religioso de outra pessoa é um crime de ódio. Se isso fosse um Alcorão, as pessoas estariam indignadas. As pessoas realmente parecem odiar a Palavra de Deus neste momento”. Um dos comentários diz: “Saia fora de Seattle”.
Uma pesquisa no Google pelos termos em inglês “jogo”, “Seattle” e “Bíblia” levou a um artigo do site religioso Cristianismo Ortodoxo, publicado em 28 de junho de 2022, com o título “Bíblia Sagrada profanada de forma ostensiva em Seattle”.
De acordo com o artigo, o episódio teria relação com a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de revogar, em 25 de junho de 2022, a emblemática sentença Roe vs Wade, que desde 1973 garantia o direito ao aborto no país. Após a decisão, alguns estados norte-americanos proibiram a interrupção da gravidez em seus territórios.
À época da revogação, a cidade de Seattle foi palco de protestos.
No entanto, a AFP não localizou informações confiáveis sobre a motivação por trás da sequência viral.
À época, a gravação também foi repercutida nas redes sociais (1, 2, 3) e em sites em inglês e português.
Este conteúdo também foi verificado pelo Boatos.org e Reuters.
Referências
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