Assistentes de plenário do STF não são pagos “única e exclusivamente” para empurrar cadeiras

  • Publicado em 17 de julho de 2025 às 16:43
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Conhecidos como “capinhas”, os assistentes de plenário são funcionários que prestam apoio administrativo aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A função foi alvo de um vídeo que circula desde abril de 2025 nas redes sociais, no qual é dito que esses trabalhadores são remunerados “única e exclusivamente para empurrar as cadeiras” dos ministros. Mas o conteúdo, que acumula mais de 355 mil visualizações, é enganoso: embora realizem esse tipo de função durante as sessões de plenário, os “capinhas” também têm outras atribuições, como organizar processos, livros e documentos.

“A imagem que eu vou mostrar agora é extremamente chocante (...) Trata-se de diversos funcionários públicos, muito bem remunerados, com seus ternos bem engomados, bem passados, e que todos os dias tomam seu banho, pegam seu transporte e vão pro STF única e exclusivamente pra empurrar as cadeiras pra que os ministros possam se sentar”, diz o vídeo compartilhado no TikTok.

O conteúdo circula também no Instagram, no Facebook e no Kwai.

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Captura de tela feita em 16 de julho de 2025 de uma publicação no TikTok (.)

Junto com as alegações, o vídeo viral também traz uma cena de ministros da Suprema Corte tendo suas cadeiras empurradas por funcionários durante uma sessão no Plenário do STF. 

Uma busca por palavras-chave no Google localizou uma matéria do Poder360 sobre a repercussão nas redes sociais gerada pela cena, que ocorreu durante uma sessão de 19 de junho de 2024. O texto detalha que esses assessores, vistos no vídeo empurrando as cadeiras, são conhecidos como “capinhas” por causa da vestimenta que usam.

Segundo o STF, esses funcionários são responsáveis por auxiliar os ministros durante as sessões, desempenhando funções como “organizar processos, localizar livros e entregar documentos”. Ainda de acordo com o site da Corte, eles desempenham outras funções nos gabinetes dos ministros quando não estão no Plenário.

“O STF esclarece que não existe um profissional no Tribunal dedicado exclusivamente a arrumar as togas e empurrar as cadeiras dos ministros”, acrescentou a assessoria de imprensa do STF ao AFP Checamos no último dia 15 de julho.

A assessoria também informou que as remunerações desses funcionários podem ser consultadas no Portal da Transparência da Corte, sob o número de contrato 46/2024 (já que se tratam de trabalhadores terceirizados) e usando como nome oficial do cargo “técnico em secretariado-auxílio em sessões”.

Nos documentos disponibilizados no painel é possível ver que o valor vigente em 2025 para o salário dos “capinhas” é de R$ 6.430, tendo direito também a um auxílio alimentação de R$ 869.

O edital referente ao Contrato 46/2024, lançado pelo STF em 2023, detalha uma série de funções que devem ser prestadas pelo cargo de “Técnico de Secretariado - Auxílio em Sessões”, incluindo:

  • preparar e controlar agenda diária, marcando e cancelando compromissos;
  • realizar os trabalhos de classificação, codificação e catalogação de papéis e documentos;
  • auxiliar no preparo do material de julgamento do dia;
  • auxiliar na realização de pesquisas;
  • retirar cópias de Acórdãos;

Referências

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