
Carla Zambelli foi incluída na difusão vermelha da Interpol; pedido não é de prisão internacional
- Publicado em 13 de junho de 2025 às 16:00
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Interpol rejeita pedido de prisão internacionial de Carla Zambelli, expondo abuso de autoridade de Moraes”, diz o texto de uma imagem compartilhada no Facebook, no Instagram, no Threads, no X, no Telegram e no TikTok.

As publicações circulam após a determinação publicada em 4 de junho de 2025 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de prisão preventiva e inclusão do nome da deputada federal Carla Zambelli na lista de procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
A parlamentar, condenada pelo STF em 14 de maio de 2025 a 10 anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o auxílio do hacker Walter Delgatti, anunciou, em 3 de junho, ter deixado o Brasil através da fronteira com a Argentina, de onde partiu para os Estados Unidos e, em 5 de junho, para a Itália.
Contudo, ao contrário do que alegam as publicações virais, a Interpol aceitou o pedido do ministro e o nome de Zambelli foi de fato inserido na difusão vermelha da organização.
Difusão vermelha
Uma pesquisa no Google pelas palavras-chave “Carla Zambelli” e “STF” conduziu a um artigo publicado em 7 de junho de 2025 no portal de notícias do Supremo, em que é noticiada a determinação da prisão definitiva da parlamentar.
A íntegra da decisão, disponível na matéria, cita um ofício encaminhado em 5 de junho de 2025 pelo coordenador-geral de Cooperação Policial Internacional substituto da Polícia Federal (PF), Frederico Skora Lieberenz, no qual é indicado que “a Difusão Vermelha foi publicada nesta data pela Organização Internacional de Polícia Criminal – INTERPOL”.
Segundo o site da Interpol, a difusão vermelha é um instrumento de alerta para forças policiais ao redor do mundo para que um indivíduo procurado seja localizado e “provisoriamente detido”.
Contudo, a organização ressalta que um alerta vermelho “não é um mandado de prisão internacional”, e que a decisão de prender ou não um indivíduo procurado está sujeita às leis de cada país.
Apesar de algumas informações da lista estarem disponíveis para consulta — em casos em que a ajuda do público pode ser necessária ou em que o indivíduo procurado seja uma ameaça à segurança pública —, a maioria dos alertas é restrita aos sistemas policiais, como no caso de Zambelli.

Recusas anteriores
Algumas das publicações virais fazem referência a rejeições anteriores a pedidos similares feitos por Moraes, e citam como base o artigo 3º da constituição da Interpol, que proíbe intervenções ou atividades de “caráter político, militar, religioso ou racial”.
De fato, dois pedidos de Moraes por inclusões na difusão vermelha foram negados pela organização anteriormente, mas por motivos distintos: os dos jornalistas Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio.
No caso de Allan dos Santos, acusado de lavagem de dinheiro, organização criminosa e incitação ao crime, a solicitação do STF à Interpol, feita em outubro de 2021, foi recusada em dezembro de 2022 por falta de informações sobre os supostos crimes cometidos.
Já em relação a Oswaldo Eustáquio, investigado por suposta incitação e participação em atos de vandalismo ocorridos em Brasília em dezembro de 2022, a organização recusou a solicitação de Moraes em 2023, por não incluir na difusão vermelha pessoas com pedido de refúgio ou asilo político em outros países, como feito por Eustáquio ao Paraguai.
Diferentemente de Zambelli, Santos e Eustáquio não foram condenados pelo STF. Contudo, os jornalistas permanecem sendo investigados em inquéritos na Corte.
Em 11 de junho, o STF enviou ao Ministério da Justiça o pedido formal de extradição de Carla Zambelli. A solicitação foi formalizada junto ao Ministério de Relações Exteriores da Itália pelo Itamaraty em 12 de junho.
Referências
- Artigo publicado em 7 de junho de 2025 no portal de notícias do STF
- Decisão de Alexandre de Moraes publicada em 7 de junho de 2025
- Página da Interpol sobre a Difusão Vermelha
- Matérias sobre os pedidos de inclusão de Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio na lista vermelha da Interpol (1, 2, 3, 4, 5, 6)