Posts que alegam que Janja poderia assumir a Presidência são baseados em sátira
- Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 14:07
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- Por AFP Brasil
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“Com afastamento de Lula, governo pode abrir uma exceção e nomear Janja para assumir presidência no lugar de Geraldo Alckmin devido sua capacidade de liderança", diz suposta manchete compartilhada no Facebook, no Instagram, no TikTok e no X.
Os posts se referem à internação de Lula, que foi submetido a uma cirurgia de emergência na madrugada de 10 de dezembro para tratar uma hemorragia intracraniana, decorrente de uma queda que sofreu no Palácio do Alvorada em 19 de outubro.
Após a operação, o presidente precisou fazer um novo procedimento médico, em 12 de dezembro, para minimizar o risco de sangramentos futuros. No dia seguinte, apareceu caminhando pela primeira vez desde a internação em um vídeo publicado em seu Instagram. Em 15 de dezembro, recebeu alta hospitalar.
Publicação de uma conta satírica
Os posts viralizados são embasados em uma captura de tela de uma publicação feita no X por um usuário de nome “Estabão” — uma aparente referência ao jornal Estadão.
Na descrição, o perfil deixa claro que publica apenas sátiras: “Perfil paródia! Nada aqui é real. Piadas, memes, sátiras e muito humor político! Todas as notícias do nosso portal são fictícias”.
A alegação viralizada também é incorreta. A Constituição Federal de 1988 impede que a primeira-dama substitua o chefe do Executivo.
O artigo 79 estabelece que “substituirá o presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o vice-presidente”. Em uma situação de vacância, portanto, entraria Geraldo Alckmin (PSB), como já registrado temporariamente ao longo deste mandato.
Já o artigo 80 determina que, “em caso de impedimento do presidente e do vice-presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da presidência o presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal”.
Ocupam os cargos respectivamente o deputado federal Arthur Lira (PP), o senador Rodrigo Pacheco (PSD) e o ministro Luís Roberto Barroso.
O artigo 81, por sua vez, afirma que, “vagando os cargos de Presidente e vice-presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga”.
Em resposta ao Comprova, projeto de verificação colaborativo do qual o AFP Checamos faz parte, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal afirmou que a informação veiculada na publicação viral é falsa: “A Presidência da República lamenta a disseminação de boatos falsos para fins políticos”.
Este texto faz parte do Projeto Comprova. Participaram jornalistas do Metrópoles. O material foi adaptado pelo AFP Checamos.