Obras de ponte entre Tocantins e Pará não foram abandonadas durante o governo Lula

  • Publicado em 9 de fevereiro de 2024 às 16:04
  • 4 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
As obras de construção de uma ponte que ligará o estado do Tocantins ao Pará, sobre o Rio Araguaia, não foram paralisadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao contrário do que indicam publicações com mais de 25 mil interações nas redes sociais desde, pelo menos, 22 de janeiro de 2024. À AFP, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que os serviços estão 94,5% concluídos, e dados do Portal da Transparência mostram que recursos continuam sendo repassados para o término da construção.

“A ponte que liga o Pará ao Tocantins. 1.700 metros concluídos de ponte. Vou mostrar o que é que ficou faltando para terminar a obra (...). Araguaína - Xambioá. Veja aí: ponte concluída de ponta a ponta, faltou só a cabeceira. E os bandidos, ladrões (...) abandonaram a obra (...). E aí tem quatro balsas desse tamanho aqui com uma imensidão de carros fazendo a travessia direto”, diz um narrador em um vídeo compartilhado no Facebook, no Instagram, no TikTok, no X e no Kwai.

Na sequência viral, um homem caminha ao longo de uma balsa que transporta motocicletas, carros e caminhões, e filma uma longa ponte inacabada sobre um rio extenso. Aos 30 segundos da filmagem, é possível ver, escrito na dianteira de um dos veículos, os dizeres “Araguaína - Xambioá via Araguanã”

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Captura de tela feita em 6 de fevereiro de 2024 de uma publicação no Facebook (.)

Uma pesquisa pelas palavras-chave “ponte”, “Tocantins” e “Pará” levou a um artigo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), publicado em 16 de agosto de 2022, que noticia os avanços nas obras de uma ponte sobre o Rio Araguaia, entre os municípios de Xambioá, no Tocantins, e São Geraldo do Araguaia, no Pará. 

Na matéria, o DNIT explica que a estrutura, de 1.727 metros de extensão, foi planejada como uma forma de continuação da BR-153. Até a conclusão do projeto, a única forma de travessia é por meio do transporte fluvial, com o uso de balsas.

O projeto da ponte em Xambioá atravessou diferentes administrações: o edital de licitação foi publicado em novembro de 2016, durante o governo de Michel Temer (PMDB), que assinou o contrato de realização em setembro de 2017.

Entretanto, a ordem de serviço das obras só foi assinada pelo DNIT em abril de 2020, já sob o mandato de Jair Bolsonaro (PL). Na época, a construção da ponte tinha um custo estimado de R$ 157 milhões, com a entrega prevista para setembro de 2022. 

Embora o prazo de finalização estabelecido inicialmente tenha sido excedido, as obras não foram abandonadas. 

Em agosto de 2023, no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo presidente Lula, a construção da ponte sobre o Rio Araguaia na BR-153, em Xambioá, no Tocantins, estava inserida na lista de empreendimentos em continuidade anunciados pelo governo.

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Captura de tela feita em 8 de fevereiro de 2024 de uma publicação na página de Rodovias do Novo PAC, no site da Casa Civil (.)

Conclusão prevista para 2024

O seguimento das obras da ponte em Xambioá foi confirmado pelo DNIT à AFP em 5 de fevereiro de 2024. De acordo com o órgão, as atividades “em nenhum momento foram paralisadas desde o seu início” e estão 94,5% concluídas. 

“Até o momento foram executados integralmente os vãos centrais da ponte, incluindo as defensas de proteção contra embarcações”, acrescentou. Segundo o DNIT, a nova previsão de conclusão é para o segundo semestre de 2024.

Uma consulta ao Portal da Transparência mostrou que pagamentos e empenhos destinados à “construção de ponte sobre o Rio Araguaia em Xambioá - na BR-153/TO” ainda estão sendo realizados. Até o momento desta publicação, o último pagamento registrado é de 29 de janeiro de 2024, no valor de R$ 746.989,19, para a Construtora A Gaspar S/A, responsável pelas obras.  

Usuários em redes sociais também comentaram o avanço das obras (1, 2, 3) em 2023 e 2024.

A ponte em Xambioá já foi tema de desinformação no passado. Em junho de 2023, usuários nas redes sociais alegaram que Lula teria embargado as obras como forma de “beneficiar a indústria das balsas”. Mas a alegação também foi desmentida pelo DNIT e por dados do Portal da Transparência. 

Referências

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