Até o momento, o número de mortes dos Yanomami não aumentou em 2023; dados são preliminares
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- Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 14:21
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- Por AFP Brasil
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“Índios morrem mais sob Lula. Em 2023, o número de mortes entre o povo Yanomami saltou para 308 , um aumento de quase 50% em relação a 2022, quando morreram 209 indígenas”, diz uma das publicações que circulam com a alegação no X, no Facebook, no TikTok e no Kwai.
O conteúdo foi compartilhado também por deputados federais (1, 2) e nas contas oficiais das redes sociais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As publicações compartilham imagens com a alegação de que no governo Lula o número de mortes de yanomamis cresceu 50% e um trecho do programa Oeste Sem Filtro, ou um link para uma reportagem no site da Revista Oeste.
Na gravação, transmitida no canal da Revista Oeste no YouTube em 4 de janeiro de 2024, a apresentadora Paula Leal afirma: “Em 2023 as mortes de yanomamis saltaram para 308, um aumento de quase 50% na comparação com 2022, quando 209 indígenas morreram. O dado atual consta de relatório divulgado em 21 de dezembro pela Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, e inclui dados até novembro”.
E continua: “Já o número relativo a 2022 foi divulgado no início do ano passado pelo governo do presidente Lula, que acusou o governo de Jair Bolsonaro de genocídio contra os indígenas que vivem na terra indígena Yanomami, em Roraima, na região Norte do país”.
Nos primeiros dias do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo federal decretou estado de emergência em saúde pública do povo Yanomami, após a morte de 99 crianças em 2022 pela crise sanitária. Na ocasião, o presidente Lula visitou a maior reserva indígena do país, no estado de Roraima, e afirmou ter sido “desumano” o que presenciou na região.
As postagens circulam em meio à persistência de uma crise do povo Yanomami em 2024, relacionada ao garimpo ilegal na região. Porém, as alegações sobre o aumento de 50% das mortes dos yanomamis em 2023 são enganosas.
Relatórios atualizados
Uma busca por palavras-chave em portais do governo pelos relatórios mencionados levou a um informe mensal da Missão Yanomami, uma ação interministerial coordenada pelo Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE - Yanomami), com data de 30 de novembro de 2023 e atualizado em 21 de dezembro do mesmo ano. No relatório, consta que foram registradas 308 mortes de yanomamis no país em 2023.
Uma nova pesquisa, dessa vez pelos dados referentes a 2022, levou a um relatório publicado em fevereiro de 2023, com dados coletados sobre 2022. De acordo com o documento, de janeiro a setembro de 2022 foram registrados 209 óbitos, o mesmo número indicado nas publicações nas redes sociais.
No entanto, na introdução do mesmo documento é indicado que se trata de um relatório preliminar, com base em dados coletados na missão exploratória realizada entre 15 e 25 de janeiro de 2023.
Uma busca por dados atualizados sobre o número de mortes em terras Yanomami em 2022 levou a uma matéria publicada no portal Agência Gov sobre as ações tomadas para a redução dos óbitos na região. No texto, informa-se que o número total de mortos em todo o ano de 2022 foi de 343, de acordo com o “Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena” .
Procurado pelo AFP Checamos em 10 de janeiro de 2024, o Ministério da Saúde confirmou que o total registrado em 2022 foi de 343 mortes.
À AFP, a pasta indicou, ainda, que o índice em 2023 até o momento é, de fato, de 308 óbitos, mas ressaltou que os dados do relatório da Missão Yanomami divulgados em dezembro do ano passado também são preliminares, contemplando o período de janeiro a novembro de 2023.
Segundo o ministério, os índices demandam um tempo maior de contabilização em função do aguardo pelo repasse de informações por secretarias de saúde municipais e estaduais. Por esse motivo, não há uma data estimada para a divulgação do total de mortes de yanomamis em 2023.
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