Médicos que participaram de operação de Lula em setembro de 2023 não foram assassinados no RJ

  • Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 17:51
  • 4 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Em 29 de setembro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês para a colocação de uma prótese no quadril. Desde o fim de novembro, um vídeo com mais de 30 mil interações nas redes sociais é acompanhado da alegação de que os três médicos assassinados em um quiosque na Barra da Tijuca (RJ) em outubro participaram do procedimento cirúrgico do mandatário. Porém, Perseu Ribeiro, Diego Bomfim e Marcos Corsato não tiveram nenhum envolvimento na operação. Os membros da equipe médica que participaram da cirurgia de Lula, por sua vez, estão vivos.

“Os três médicos que foram mortos no RJ, ‘foi’ eles que operaram o Lula”, diz a legenda que acompanha um vídeo compartilhado no Instagram, no Facebook, no TikTok e no X (antes Twitter).

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Captura de tela feita em 7 de dezembro de 2023 de uma publicação no TikTok ( .)

Na gravação, o autor afirma que integrantes da equipe médica do Hospital Sírio-Libanês foram assassinados no Rio de Janeiro dias depois de realizarem o procedimento cirúrgico de colocação de uma prótese no quadril de Lula.

Na madrugada de 5 de outubro de 2023, Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida foram vítimas de um ataque a tiros na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. O médico Daniel Proença, que estava junto com as vítimas, foi atingido, mas sobreviveu após ficar internado em estado grave.

A Polícia Civil apontou que um dos médicos teria sido confundido com o filho de um dos principais chefes de milícia que atua na Zona Oeste. No mesmo dia 5 de outubro, foram localizados quatro corpos de traficantes suspeitos de realizarem o ataque.

Médicos assassinados não participaram de procedimento cirúrgico

À AFP em 29 de novembro de 2023, a assessoria do Sírio-Libanês confirmou que os ortopedistas Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida não tiveram qualquer relação com a cirurgia de Lula.

Ana Helena Germoglio, médica responsável por acompanhar a saúde de Lula, também indicou à AFP por e-mail que as vítimas de assassinato no episódio ocorrido na Barra da Tijuca não estiveram envolvidos no procedimento cirúrgico do mandatário.

No boletim médico da cirurgia — divulgado pelo hospital, noticiado na imprensa (1, 2, 3) e encaminhado ao AFP Checamos —, o Sírio-Libanês informou que participaram do procedimento os médicos Roberto Kalil Filho, Giancarlo Cavalli Polesello, Eliana Forno e Ana Helena Germoglio. Além deles, os doutores Rafael Gadia e Mauro Suzuki assinaram o boletim.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República reafirmou à AFP os mesmos nomes da equipe médica que constam no documento, e ratificou que os ortopedistas vítimas de assassinato não tiveram envolvimento na cirurgia.

Uma consulta feita em 13 de dezembro de 2023 às redes sociais de todos os médicos citados no boletim mostra que eles seguem ativos e fazendo publicações.

Por e-mail, a assessoria da Polícia Civil negou à AFP que as vítimas do ataque a tiros na Barra da Tijuca teriam ligação com o presidente Lula.

Cirurgia de Lula ocorreu “sem intercorrências”

Além da artroplastia total de quadril, Lula realizou uma blefaroplastia — procedimento feito nas pálpebras. Segundo o boletim médico, a cirurgia como um todo ocorreu “sem intercorrências”. Logo após a cirurgia, foi concedida uma coletiva de imprensa com os médicos responsáveis.

Em algumas publicações virais, o homem visto no vídeo alega que a cirurgia de Lula “não foi no quadril” e questionou o fato de o mandatário “ter saído andando do hospital”.

Durante a coletiva, por sua vez, o cirurgião-chefe, Giancarlo Polesello, afirmou que, atendendo a algumas condições, é “desejável que se tire o paciente o mais rápido possível da cama”.

De acordo com o médico Roberto Kalil, a expectativa em relação ao pós-cirúrgico de Lula era de “uma recuperação rápida”.

“Provavelmente ele vai estar caminhando amanhã. Isso depende muito de paciente para paciente. Ele tem uma musculatura extremamente forte. Se espera uma recuperação breve”, detalhou Kalil.

Procurado pela AFP, Luis Marcelo Malta, chefe do Serviço de Ortopedia do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, no Rio de Janeiro, confirmou ser comum um paciente voltar a caminhar pouco tempo depois de uma artroplastia bem sucedida.

“É comum que o paciente seja liberado para caminhar normalmente no dia seguinte da cirurgia. Isso porque a fixação dos componentes da prótese é mecânica e, basicamente, não depende de cicatrização biológica em um primeiro momento”, detalhou o ortopedista.

Conteúdo semelhante foi checado por Estadão Verifica e Aos Fatos.

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