Reportagem da CNN sobre mudança no rótulo da vacina da Janssen é de 2021, não de 2023

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  • Publicado em 20 de julho de 2023 às 21:09
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  • Por AFP Brasil
Reportagem da CNN sobre mudança no rótulo da vacina contra a covid-19 da Janssen não é de 2023, como sugerem publicações com 700 mil visualizações nas redes sociais desde 12 de julho de 2023. Conteúdo viral reproduz trecho de programa de 2021. Naquela época, a agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) solicitou a atualização das informações sobre os efeitos adversos relacionados ao imunizante, como a síndrome de Guillain-Barré.

“Bolsonaro tinha razão. A Janssen atualizou o rótulo da vacina e agora diz que pode provocar a Síndrome de Guillain Barré”, afirmam publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no Kwai, no TikTok e no Twitter.

No conteúdo compartilhado lê-se: “EUA alertam para complicação com imunizante da Janssen” e o logo da CNN Brasil.

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Captura de tela feita em 17 de julho de 2023 de uma publicação no Facebook ( .)

Uma busca por palavras-chave no canal da CNN Brasil no YouTube mostrou que o trecho viral foi retirado do programa Expresso CNN transmitido há dois anos, em 12 de julho de 2021.

Na gravação, uma jornalista informa que a FDA atualizou o rótulo do imunizante da Janssen contra a covid-19 “para alertar a população sobre uma possível complicação neurológica rara. Essa síndrome é conhecida como Guillain-Barré”, diz. E continua: “Autoridades de saúde do país disseram que ainda não está claro se a vacina causa a doença”.

Em julho de 2021, a FDA emitiu um comunicado informando sobre as revisões nas fichas técnicas do imunizante produzido pela farmacêutica Johnson & Johnson para “incluir informações relativas a um aumento do risco observado de Síndrome de Guillain-Barré (GBS) após a vacinação”. Naquela ocasião, o órgão ressaltou que, embora até aquele momento, “a evidência disponível sugira uma associação entre a vacina Janssen e o aumento do risco de GBS, ela é insuficiente para estabelecer uma relação causal”.

Na bula do imunizante, disponível no site do fabricante, é descrito que a síndrome de Guillain-Barré “foi relatada muito raramente após a vacinação com vacina covid-19 (recombinante)”.

Em maio de 2023, a fabricante da vacina contra a covid solicitou a retirada voluntária da autorização de uso emergencial do imunizante da Janssen contra a doença, sob a justificativa de que “os últimos lotes da vacina adquiridos pelo governo dos EUA expiraram, não há demanda para novos lotes da vacina nos EUA e eles não pretendem atualizar a composição da cepa dessa vacina para lidar com variantes emergentes”, segundo informou a FDA em um comunicado.

O uso emergencial do produto foi revogado pela agência em 1º de junho de 2023. Nas bulas do medicamento que constam no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também se encontram os alertas de risco de eventos adversos raros, como a síndrome de Guillain-Barré.

No Brasil, as vacinas Janssen fazem parte das recomendações que constam no Informe Técnico Operacional para imunização contra a covid-19.

Ao Checamos, o Ministério da Saúde informou em 19 de julho de 2023 que as vacinas da Janssen, “até este momento, continuam sendo recomendadas como esquema primário de vacinação no Brasil, para aquela população elegível que nunca se vacinou e a depender da disponibilidade local do imunizante”. E complementou: “Conforme Informe Técnico Operacional para vacinação contra a covid-19, a vacina Janssen tem recomendação específica para esquema primário de pessoas acima de 40 anos que ainda não se vacinaram”.

A pasta monitora e investiga casos de prováveis eventos adversos pós-vacinação e ressaltou que por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) “não observou um maior número de Eventos Supostamente Adversos como Guillain-Barré associados a vacina Janssen em relação aos outros imunizantes para covid-19 até o momento.”

Sobre a segurança dos imunizantes, a Anvisa afirmou à AFP em 17 de julho de 2023: “Todos os dados do uso das vacinas contra a covid-19 no Brasil, disponíveis até o momento, apontam para benefícios superiores aos riscos”.

O órgão acrescentou que os monitoramentos realizados demonstram “que a grande maioria dos eventos identificados são não graves, normalmente relacionados a efeitos no local da aplicação, como dor e inchaço, ou eventos de curta duração, como ocorrência de febre e indisposição”.

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