Defesa de Bolsonaro, e não PF, disse não haver irregularidades em transferências de Michelle

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  • Publicado em 14 de junho de 2023 às 21:57
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  • Por AFP Brasil
Não são agentes da Polícia Federal os homens que afirmam, em vídeo, que não há irregularidades nas transações financeiras da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ao contrário do que asseguram publicações visualizadas milhares de vezes nas redes sociais desde 9 de junho de 2023. Os homens são, na verdade, advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) se pronunciando após ser reportado que a PF investigava a suspeita de desvio de dinheiro público envolvendo o pagamento de despesas de Michelle. Não há nenhuma informação como a do vídeo no site da Polícia Federal.

“Polícia Federal confirma: o mais humilde de todos os presidentes, Bolsonaro. Que decepção Chupa PTzada”, lê-se no texto sobreposto à gravação, que circula no Facebook, no Instagram, no Twitter, no TikTok e no Kwai.

Na sequência viral, um dos homens que aparecem sentados à mesa afirma que “100% do custo de vida da família de Bolsonaro” saiu “exclusivamente da conta pessoal do presidente” e que não haveria, portanto, “cruzamento ou confusão de saques” de dinheiro, fazendo referência à investigação da Polícia Federal envolvendo o pagamento de despesas de Michelle Bolsonaro usando dinheiro vivo.

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Captura de tela feita em 13 de junho de 2023 de uma publicação no Instagram ( .)

Segundo a alegação viral, o vídeo mostraria agentes da Polícia Federal concluindo que não há indícios de irregularidades nas transações financeiras da ex-primeira-dama.

No entanto, uma busca por palavras-chave no Google levou ao vídeo original, publicado no canal do Partido Liberal no YouTube em 15 de maio de 2023.

Trata-se, na verdade, de uma coletiva concedida à imprensa pelo grupo de defesa da família Bolsonaro neste caso.

A entrevista, inclusive, repercutiu nos veículos de imprensa (1, 2, 3).

As pessoas vistas no vídeo são Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social e atual assessor de Bolsonaro, e os advogados Marcelo Bessa, Daniel Tesser e Paulo Amador da Cunha Bueno, que também defende o ex-presidente no caso das joias sauditas.

Suspeita de transações ilegais

Com a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para outro inquérito, a Polícia Federal encontrou informações suspeitas sobre transações financeiras.

De acordo com as mensagens obtidas pela PF, Cid havia, recorrentemente, usado dinheiro vivo para pagar despesas de Michelle Bolsonaro e de pessoas próximas à então primeira-dama.

Cid está preso desde o início de maio de 2023 por conta de uma operação que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de membros da família Bolsonaro.

Em e-mail enviado ao AFP Checamos em 13 de junho de 2023, a Polícia Federal informou que todas as ações e operações feitas pelo órgão são divulgadas em seu site, onde não há qualquer indicação de realização de uma coletiva de imprensa como a vista no vídeo viral.

Conteúdo semelhante foi checado pelo Estadão Verifica.

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