Vídeo de médico sendo preso por protestar contra atraso salarial no PR é de 2019, e não de 2023

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  • Publicado em 28 de março de 2023 às 20:54
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  • Por AFP Brasil
Uma gravação que mostra um médico sendo preso por, supostamente, protestar contra atrasos salariais não foi feita em 2023, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A sequência, compartilhada milhares de vezes nas redes sociais desde 15 de março, foi gravada, na verdade, em março de 2019. O fato ocorreu na cidade de Guaratuba, no Paraná, e o homem que aparece na gravação foi detido por agentes da Polícia Militar por “desacato e desobediência”.

“Inacreditável…Olha o que acontece no Paraná! O médico há 60 dias sem receber da prefeitura de Guaratuba, protesta e vai algemado, preso!!!! O Brasil vai se acabar de vez e virar a Venezuela em 3 meses de governo Lula !!!!!! Acabou! Ninguém reage! Nem parlamento nem FFAA, nem justiça, nem conselhos profissionais e nem o povo ! Todo mundo anestesiado assistindo a derrocada”, diz uma das publicações que circula no Facebook.

O conteúdo também circula no Twitter e no TikTok.

Na sequência, um homem, vestido de jaleco, grita por “socorro” e diz que está há “60 dias sem receber”. Ele alega estar sendo “preso e algemado” por querer receber seu salário.

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Captura de tela feita em 23 de março de 2023 de uma publicação no Facebook ( .)

Contudo, o vídeo viral não é de uma notícia de 2023.

Uma busca pelas palavras-chave “médico”, “preso” e “Guaratuba” levou ao mesmo vídeo, publicado junto a uma reportagem do portal de notícias g1 em 4 de março de 2019, cerca de quatro anos antes de Lula assumir seu terceiro mandato presidencial.

Na reportagem, relata-se que Rogério Perillo havia sido preso por “desacato” após negar atendimento no pronto-socorro da cidade de Guaratuba, no Paraná.

Outros jornais também noticiaram o caso junto a uma entrevista do médico após deixar a prisão. Ele alegou estar sem receber salário há 60 dias e reiterou que não deixou de atender nenhum caso grave.

Em nota enviada ao AFP Checamos em 24 de março de 2023, a Polícia Civil do Paraná afirmou que o caso, de fato, ocorreu em 2019. O órgão relatou que instaurou um “Termo Circunstanciado de Infração Penal” à época e encaminhou o processo para o Tribunal de Justiça.

O Checamos também entrou em contato com o Tribunal de Justiça e o Ministério Público do Paraná, mas até a publicação desta checagem não obteve respostas.

Este conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos.

Referências

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