Vídeo exibe prisão de traficante, não de homem que participou de ataques em Brasília
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- Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 20:06
- Atualizado em 26 de janeiro de 2023 às 13:49
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- Por AFP Brasil
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“Veja o golpista sendo preso na hora do almoço”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook e no TikTok.
Em algumas postagens, usuários afirmam ainda que o homem do vídeo viral é o mesmo que aparece sentado na cadeira do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, durante os ataques à Praça dos Três Poderes.
Em outras, afirma-se que o preso é um dos financiadores dos atos.
Na gravação, um homem é abordado por dois policiais à paisana em um restaurante. Os agentes se identificam como “Polícia Civil” e alertam o detido para que ele não tente “quebrar o celular” porque seria “pior”. Ele sai algemado do lugar acompanhado de uma mulher, que estava na mesma mesa.
Alguns vídeos contêm um texto sobreposto à gravação: “golpista é preso, na hora em que estava almoçando!”.
No entanto, uma busca reversa por capturas de tela da sequência usando a ferramenta InVid-WeVerify* levou à mesma filmagem publicada em 16 de janeiro de 2023 em uma reportagem do portal de notícias g1.
Segundo a reportagem, o homem é Fernando Luiz Doval Junior, um foragido investigado por tráfico internacional de drogas, e sua prisão não teria nenhuma relação com os ataques ocorridos na capital federal. O texto detalha que o homem foi preso pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul enquanto almoçava em um restaurante na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
O caso foi reportado por outros veículos, que compartilharam o mesmo vídeo visto nas publicações virais (1, 2).
No dia seguinte à divulgação na mídia, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul publicou uma nota confirmando que, em 16 de janeiro, havia localizado e prendido “o foragido número 1 do estado” nas mesmas condições reportadas nas notícias citadas anteriormente.
A nota da polícia detalha que o homem constava na lista de procurados da Interpol — Organização Internacional de Polícia Criminal, em tradução livre —, respondia por lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas e já havia sido preso entre 2021 e 2022. Após sua soltura, segundo a polícia, gerenciava um esquema de distribuição de cocaína diretamente dos Estados Unidos.
*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.
26 de janeiro de 2023 Atualiza ano dos ataques em Brasília no primeiro parágrafo