O presidente Lula não exonerou oito mil militares na primeira semana de governo, em 2023

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não “exonerou” oito mil militares desde que tomou posse, em 1º de janeiro de 2023, como alegam publicações compartilhadas milhares de vezes desde o último dia 3 de janeiro. Na verdade, até o momento, o governo federal destituiu “cerca de 1,2 mil cargos comissionados”, entre militares e civis, como informou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República ao AFP Checamos.

“8.000 militares exonerados pelo governo federal”, diz a legenda de uma das publicações compartilhadas no Twitter e no Facebook.

A mensagem acompanha a captura de tela da edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de 2 de janeiro de 2023. No registro, é possível ler: “Portarias de 1º de janeiro de 2023”.

Captura de tela feita em 5 de janeiro de 2023 de uma publicação no Twitter ( .)

O conteúdo circula após Lula assumir o seu terceiro mandato na Presidência da República.

Uma busca pela edição extra do DOU replicada nas redes mostra que, de fato, o documento continha uma lista de servidores dispensados. Mas o total é consideravelmente inferior ao citado nas redes.

A AFP contabilizou o número de servidores listados na edição extra do DOU e chegou a um total oito vezes menor do que o viralizado: 980.

Contatada, a assessoria de imprensa da Presidência da República confirmou que a informação compartilhada nas redes “não procede” e citou um número próximo ao encontrado pela AFP. “Foram exonerados, até agora, cerca de 1,2 mil cargos comissionados”, informou, por e-mail, em 4 de janeiro de 2023.

Uma análise dos nomes que constam no documento mostra, além disso, que esses cargos não eram somente de militares, mas também de civis, como o presidente e a diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja exoneração também foi noticiada pela imprensa (1, 2).

O último levantamento, de julho de 2020, realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) identificou 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao Checamos, o TCU informou que o levantamento foi feito a pedido do ministro do Tribunal, Bruno Dantas. “Foi realizado levantamento do quantitativo de militares, ativos e na reserva, que compunham os cargos civis do governo, conforme arquivo anexo. Não há processo autuado tratando do tema e os dados não foram atualizados”.

O documento mostra que durante o governo Bolsonaro o contingente de militares em cargos comissionados dobrou, saindo de 3.200 militares em 2016 para 6.157 em 2020.

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