Projeto de lei "5439/2022" para policiais portarem armas descarregadas não existe
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- Publicado em 21 de junho de 2022 às 23:52
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- Por AFP Brasil
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“Ann? Em qual país esses políticos acham que vivemos? Tenho certeza que um projeto desses não será aprovado”, diz uma das publicações que somam mais de 10 mil interações no Instagram (1, 2) e Facebook (1, 2).
O conteúdo é embasado em um suposto artigo que simula a identidade visual do site G1, com a manchete: “Projeto de Lei 5439/2022 Deputado Silvio Dias PT-AM Para Policial Portar Arma Sempre Descarregada”.
No entanto, uma busca na aba de atividade legislativa do site da Câmara dos Deputados não levou a nenhum projeto como o citado nas redes. A pesquisa foi realizada levando em conta o estado do suposto deputado federal, Amazonas, o número do projeto de lei (5439) e ano em que ele teria sido apresentado (2022).
O Checamos também buscou o nome do suposto autor do projeto, Silvio Dias, na aba Deputados do site da Câmara. A pesquisa, que foi feita abrangendo todas as legislaturas, tampouco levou a qualquer resultado com esse nome.
Procurada pelo Checamos, a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados confirmou que não há nenhum deputado federal em exercício na atual legislatura chamado Silvio Dias.
O Checamos também fez uma busca no site da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM) pelo PL de número 5439/2022, que tampouco levou a qualquer menção ao projeto. Na aba Parlamentares do site, também não foi encontrado nenhum deputado estadual de nome Silvio Dias.
Em consultas ao site do Partido dos Trabalhadores, o nome Silvio Dias não foi encontrado entre os listados como deputado federal ou estadual pelo partido. O único deputado federal eleito pelo PT no estado do Amazonas se chama José Ricardo e estadual, Sinésio Campos.
Matéria falsa
Um outro indício de que o conteúdo que circula nas redes não é verdadeiro é a captura de tela que embasa a alegação. Na imagem, que segue a identidade visual do portal de notícias G1, todas as palavras da manchete são iniciadas com letras maiúsculas, padrão que não é utilizado pelo site do Grupo Globo.
Além disso, uma comparação entre a captura viralizada e uma notícia verdadeiramente publicada pelo G1 na editoria de política no mesmo dia permite identificar outras diferenças, destacadas abaixo:
De fato, uma busca pelas palavras-chave “PL”, “5439”, “2022” no site do portal não levou a nenhuma notícia como aquela compartilhada nas redes sociais.
Consultada pelo AFP Checamos, a assessoria de imprensa do G1 confirmou que a captura que circula nas redes é falsa. O nome do suposto repórter que teria escrito o texto - Astolfo Canuto - também não consta no quadro de funcionários do portal de notícias, acrescentou.
O AFP Checamos já verificou (1, 2) outros dois conteúdos que simulavam o layout do site de notícias para difundir desinformação. Nesses casos, o suposto repórter também chamava-se Astolfo, variando apenas o sobrenome.
Essa alegação também foi verificada pelo Aos Fatos.