O jornalista e advogado americano Glenn Greenwald defendeu a liberdade de expressão de um líder neonazista
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- Publicado em 27 de junho de 2019 às 20:09
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- Por AFP Brasil
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Com o título “Fundador do Intercept advogou de graça para líder neonazista por 5 anos”, a matéria, que já tem mais de 12 mil compartilhamentos, conta que Glenn Greenwald trabalhou como advogado nos Estados Unidos para o líder neonazista Matthew Hale sem receber praticamente nada por isso.
A equipe de checagem da AFP no Brasil verificou que Glenn Greenwald, que também é advogado constitucionalista, efetivamente esteve na equipe de defesa de Hale, também líder do grupo World Church of the Creator (“Igreja Mundial do Criador”, em tradução livre), em 1999, quando teve negada a sua licença para advogar devido às suas convicções.
Em 2013, Greenwald confirmou em entrevista ao BuzzFeed News que atuou como advogado neste caso porque estava “interessado em defender os princípios políticos em que acreditava”, fazendo referência à Primeira Emenda norte-americana.
Três anos depois, durante uma entrevista ao site Fire, Greenwald declarou que apesar da Igreja Mundial do Criador criticar afro-americanos, judeus e ser homofóbica, seu papel não era “representar ou apoiar sua ideologia. Eu estava representando e apoiando a Primeira Emenda. Por eu acreditar tanto na liberdade de expressão, nunca tive um tipo de conflito”.
“E eu entendi que estava fazendo esse trabalho para garantir que não houvesse esse tipo de erosão dos direitos de liberdade de expressão [...] como resultado de um mau precedente. Para mim foi uma espécie de trabalho de paixão. E fiz muito disso ‘pro bono’ [gratuitamente], na verdade. Deduzi isso como meu trabalho ‘pro bono’ - minha contribuição para a sociedade. Trabalhei de graça porque acredito fortemente nessa causa”.
Como relatado em um documento de sua defesa, Hale se formou na Escola de Direito da Universidade do Sul de Illinois e passou na prova da Associação de Advogados do estado para obter a sua licença de advogar. Entretanto, o comitê estadual que avalia o caráter e a aptidão de futuros advogados decidiu que a sua aplicação à licença deveria ser rejeitada.
Greenwald ficou muito conhecido em 2013 ao colaborar com a reportagem sobre os escândalos da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) vazados por Edward Snowden. Em 9 de junho de 2019, assinou a primeira parte de uma série de matérias com a hashtag “#VazaJato” sobre as conversas privadas mantidas entre o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública de Brasil, Sergio Moro, e o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
Em resumo, Glenn Greenwald realmente advogou para um líder neonazista por cinco anos e, como em outros casos, fez isso gratuitamente. No entanto, segundo declarou, suas motivações não se centraram no que o homem defendia, mas em prol da liberdade de expressão, que ele entendeu estar sendo violada ao impedirem o rapaz de ter acesso à sua licença para advogar.