Não, esta foto da AFP não é do carnaval de 2017 e sim, mostra a manifestação contra Bolsonaro em São Paulo
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- Publicado em 2 de outubro de 2018 às 21:26
- Atualizado em 3 de outubro de 2018 às 15:20
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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Entre as imagens contestadas há uma foto distribuída pela AFP, de autoria de Miguel Schincariol. “AFP requentando #FAKENEWS de ontem (...) São vagabundos esquerdistas travestidos de ‘jornalistas’ que já não enganam ninguém”, é o comentário de um usuário a um tweet da AFP no Brasil.
A origem dessa suposta checagem utiliza uma foto do Largo da Batata, na capital paulista, durante o carnaval de 2017 e a confunde com fotos realizadas no último sábado no mesmo lugar, questionando a magnitude do evento.
Discrepância entre as fotos
Ainda que tiradas do mesmo ângulo, há discrepância entre os elementos que compõem as fotos. Um deles é uma roda-gigante instalada em 2017 somente durante o carnaval, precisamente no dia 18 de fevereiro, no contexto de uma ação de marketing da cerveja Skol. As fotos do último fim de semana, portanto, não mostram a atração de 21 metros de altura.
Outra diferença entre as duas imagens é a existência de um grafite na lateral de um prédio da região. Está na foto do protesto, mas não existia em 2017.
Metadados do arquivo original
Segundo os metadados recolhidos do arquivo da foto original, é possível constatar o momento exato em que foi realizada: 16:28 do dia 29 de setembro de 2018, ocasião que coincide com a manifestação contra Bolsonaro no Largo da Batata.
Testemunha ocular
Contatada pela AFP, a fotógrafa Gabriela Biló, autora tanto de uma das fotos da manifestação que foi distribuída pelo Estadão no último sábado quanto da realizada durante o carnaval de 2017, explicou a situação. O ponto de onde a foto foi tirada é a casa de uma residente da vizinhança. É um local já conhecido e utilizado por ela para fazer imagens panorâmicas do Largo da Batata. No último sábado, enquanto ela entrava no edifício, Miguel Schincariol, autor da foto veiculada pela AFP, a viu e pediu para subir também. Com eles também estava a fotógrafa free-lance Carla Carniel.
“Normalmente procuramos um prédio e falamos com o morador para liberar nossa entrada em sua casa e assim temos a permissão de estar no apartamento da pessoa e realizar a imagem (...) Da mesma forma temos contato em um prédio na Avenida Paulista e realizamos a imagem de cima de todos os protestos quando achamos necessário ter esse tipo de fotografia”, declarou Schincariol à equipe de checagem da AFP.
“Temos o compromisso e a ética de informar, com a fotografia, os acontecimentos”, agregou o fotógrafo.
Uma estratégia incomum
É a primeira vez que a equipe de checagem de AFP desmente uma “falsa verificação”. Se em alguns casos imagens foram retiradas de seu contexto original para supostamente ilustrar um evento inexistente, desta vez a existência de uma foto semelhante feita em uma data diferente foi erroneamente utilizada como evidência para deslegitimar uma notícia verdadeira.