Esta foto mostra uma mulher afetada pela tuberculose cutânea em 1895, não por sífilis

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  • Publicado em 7 de junho de 2021 às 14:57
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  • Por AFP Filipinas
  • Tradução e adaptação AFP Brasil
A fotografia de uma mulher com feridas no rosto, atribuídas à sífilis, foi compartilhada mais de 4,7 mil vezes nas redes sociais desde o final de fevereiro de 2020. Mas a imagem mostra as consequências da tuberculose cutânea em 1895, segundo a diretora do arquivo que adquiriu o registro.

“Efeitos da Sífilis antes da Era da Penicilina, em 1890” e “Mulher com sífilis antes da descoberta da penicilina, em 1890”, dizem as publicações que somam mais de 146 mil interações no Facebook (1, 2, 3), no Instagram (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2, 3).

Conteúdos semelhantes também foram compartilhados em outros idiomas, como espanhol (1, 2) e inglês (1, 2).

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Captura de tela feita em 4 de junho de 2021 de uma publicação no Instagram

A sífilis é uma infecção transmitida por via sexual que pode ser curada com penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1928.

Por meio de uma busca reversa pela imagem e por palavras-chave, a equipe de verificação da AFP encontrou a foto originalmente publicada pelo “The Burns Archive”, uma coleção de fotografias raras do início da medicina, cujo curador é o médico norte-americano Stanley Burns.

Dentro do arquivo “Disease and Pathology Collection” encontra-se a imagem viralizada nas redes sociais com a descrição de que se trata de uma mulher que sofre de “tuberculose na forma de lupus vulgaris com exposição na córnea”

O lupus vulgaris é a forma mais comum de tuberculose cutânea nos países industrializados e geralmente afeta o rosto, segundo um artigo da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia.

A diretora do arquivo, Elizabeth Burns, assinalou à AFP que a foto foi tirada pelo médico legista francês Alexandre Lacassagne em 1895 e foi incluída em um “álbum de fotografias da pele” compilado por ele. 

[O lupus vulgaris] causa uma destruição severa e [deixa] cicatrizes na pele. Neste caso, empurrou sua pálpebra direita para baixo, expondo a córnea. Chama-se lúpus porque é como se um lobo mordesse uma parte do seu rosto e tirasse um pedaço de pele”, assinalou.

“Essa foto é um exemplo perfeito da desinformação que se espalha na internet”, acrescentou. “E essa é a razão pela qual eu recebo tantos e-mails sobre isso”, finalizou.

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