A foto do ator Rodrigo Santoro usando uma camisa com o rosto do Bolsonaro foi adulterada
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- Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 00:06
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- Por AFP Brasil
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“Nunca precisou da Lei Rouanet [Lei de Incentivo à Cultura]. É o artista brasileiro mais conhecido em Hollywood. Taí a diferença”, dizem as publicações viralizadas no Facebook (1, 2, 3), que sobrepõem o texto à imagem adulterada.
O conteúdo também circulou no Twitter (1, 2, 3) e foi enviado para o WhatsApp do Checamos para verificação.
Mas a imagem, que circulou anteriormente em 2018 no contexto das eleições presidenciais, quando Jair Bolsonaro foi eleito, foi adulterada.
Por meio de buscas reversas pela imagem viralizada usando ferramentas como TinEye, Yandex, Bing e Google Imagens, chegou-se à mesma foto do ator, contudo, sem qualquer estampa, em blogs, sites e em veículos da imprensa desde, ao menos, 2009 (1, 2).
A mesma foto foi usada em sites em 2010, 2013, 2014, 2015 e 2016. Em nenhum dos casos há legenda que indique a data em que foi tirada.
Consultado pelo Checamos, o assessor do ator informou, em 2 de dezembro de 2021, que a “imagem foi manipulada”. E acrescentou: “Se eu não estou enganado, esta foto foi feita no Hawai em 2003. Foi um ensaio para divulgação de ‘Lost’”.
O ator brasileiro participou da série “Lost” na temporada transmitida em 2006-2007.
Em entrevista concedida em 2017, Santoro falou sobre declarar seu posicionamento político publicamente: “Eu uso a minha liberdade como cidadão, dentro do meu meio. Eu não uso os meios de imprensa, não divulgo, e para mim não faz sentido”.
Já em 2021, diante da pandemia da covid-19, o ator publicou em sua conta no Instagram uma foto de máscara e afirmou: “Usar máscara é um ato de Amor. Assim, eu me protejo e também protejo o outro”. A posição difere da comumente defendida por Bolsonaro, que costuma criticar o uso da máscara como proteção contra a contaminação pela covid-19.
As publicações afirmam ainda que Santoro “nunca precisou da Lei Rouanet [Lei de Incentivo à Cultura]”. Por meio dela, produtores culturais, artistas ou instituições, como museus ou teatros, podem captar recursos por meio da submissão de seus projetos à Secretaria Especial da Cultura.
Filmes em que Santoro atuou, como “Bicho de Sete Cabeças” e “Carandiru”, foram contemplados e receberam o incentivo. No entanto, a AFP não encontrou registros de que o ator tenha captado recursos por meio da lei.