
Reportagem do Intercept não diz que R$ 750 mil gastos por Nikolas Ferreira com a Meta é dinheiro público
- Publicado em 8 de julho de 2025 às 22:44
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“BOMBA AGORA: The Intercept ACABOU de COMPROVAR que o CHUPETINHA pagou R$ 750 MIL com DINHEIRO PÚBLICO pra meta, dona do Instagram”, diz uma das publicações que circula no X. O mesmo conteúdo também foi publicado no Facebook, no Instagram, no Kwai e no TikTok.

A reportagem citada nos conteúdos foi publicada pelo veículo The Intercept Brasil em 3 de julho de 2025, sob o título de: “Máquina de dinheiro: Empresa de Nikolas gasta R$ 750 mil na Meta para convocar cristãos para guerra”.
O artigo, escrito pelo jornalista Paulo Motoryn, aborda a relação do deputado com a empresa Destra Cursos LTDA, da qual o parlamentar é sócio. A empresa oferece uma série de cursos sobre temas como religião e política, tendo como foco o público cristão.
O texto afirma que a Destra pagou por 3.300 anúncios nas redes sociais da empresa Meta, que totalizam R$ 745,3 mil de abril de 2024 a abril de 2025.
Em nenhum momento do artigo, porém, é dito que esse valor é proveniente de recursos públicos.
O jornalista, inclusive, afirma que pagou por conta própria pelo plano de cursos oferecido pela empresa e faz uma estimativa do faturamento anual da instituição, levando em conta seu número declarado de clientes e o valor pago:
“Resolvi fazer as contas. O único produto oferecido pela empresa é um plano de assinatura que garante acesso a dezenas de cursos, que custa R$ 500 – e, antes, chegou a custar R$ 685. Se todas as pessoas pagaram o mesmo valor que eu, o mais baixo, o negócio já trouxe mais de R$ 30 milhões aos seus sócios. Um deles? O Nikolas”.
O AFP Checamos entrou em contato com o autor do texto, Paulo Motoryn, que negou ter se proposto a investigar a origem do valor desembolsado pela Destra em anúncios da Meta. “Em nenhum momento a reportagem diz que esses cerca de R$ 750 mil são oriundos de dinheiro público”, reforçou o jornalista.
O AFP Checamos pesquisou pelo CNPJ da Destra Cursos LTDA no Portal da Transparência e não encontrou nenhum pagamento feito diretamente pelo poder público à empresa.
Em 2023, a Procuradoria -Geral da República solicitou que Nikolas Ferreira explicasse sua participação na Destra, já que a empresa teria recebido cerca de R$ 67 mil da campanha de Bruno Engler em 2020, quando Engler concorria à Prefeitura de Belo Horizonte. Após a eleição municipal daquele ano, Nikolas passou a integrar o quadro societário da Destra, recebendo 15% das cotas da empresa.
Esse episódio é mencionado brevemente na reportagem do Intercept, mas o artigo não o vincula aos valores gastos com anúncios nas redes sociais da Meta.