
Mulher que ameaçou fechar refinarias não é a mesma que pichou a estátua da Justiça
- Publicado em 9 de abril de 2025 às 22:20
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“MAS DO QUE ELA TA FALANDO? A Santinha inocente do Baton”, lê-se no texto sobreposto a um vídeo que circula no X, no Facebook e no Threads.
Na gravação, uma mulher usando a bandeira do Brasil diz: “Nós vamos fechar entre 8 e 10 refinarias nas principais cidades e acabou. (...) Nós estamos doidos pro MST barrar os ônibus, fechar as estradas, nós estamos doidos pra polícia vir pra cima e dar borrachada em nós. Venham, façam isso”.

O conteúdo começou a circular após a repercussão do início do julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, que participou dos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e que ficou conhecida por escrever “perdeu, mané” com batom na estátua da Justiça.
Após os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino defenderem em seus votos uma pena de 14 anos para Santos, ela se tornou um símbolo do movimento que pede anistia para os envolvidos no 8 de janeiro.
No último dia 28 de março, Moraes lhe concedeu prisão domiciliar. Seu caso deve voltar a ser julgado ainda em abril deste ano.
Outra manifestante
Por meio de uma busca reversa de imagem, o Checamos localizou excertos do vídeo viral em matérias do g1 e do jornal O Popular, que identificam a mulher como Ana Priscila Azevedo.
O jornal O Popular credita o vídeo ao perfil de Azevedo no X. A conta está retida no Brasil, mas o Checamos conseguiu acessar a gravação, publicada em 7 de janeiro de 2023, por meio de VPN, uma ferramenta que oculta o endereço IP do usuário.
Durante a gravação, é possível ouvir que Azevedo se refere a si mesma pelo nome: “Cadê, Priscila? Sputnik. Tá lá dentro do Telegram”, ela diz.

Ana Priscila Azevedo era dona de grupos bolsonaristas no Telegram. Em dezembro de 2024, ela foi condenada a 17 anos de prisão pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O voto do ministro relator, Alexandre de Moraes, cita que a Azevedo coordenou o movimento que resultou no 8 de janeiro e atuou “instigando a população a fechar refinarias e distribuidoras”, como ela diz no vídeo.
Azevedo também prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em que nota-se que a voz e a aparência são as mesmas da mulher da gravação viral.
Referências
- Matéria do g1 e de O Popular sobre Ana Priscila Azevedo (1, 2)
- Depoimento de Ana Priscila Azevedo à CPI