Foto de protesto de 2016 é incorretamente atribuída a ato pró-Bolsonaro de 7 de setembro
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- Publicado em 8 de setembro de 2021 às 21:43
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- Por AFP Brasil
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“Você não verá esta imagem na Grande Imprensa!! Rio de Janeiro neste momento!!”, diz uma das legendas que acompanha a foto em publicações no Facebook (1, 2, 3) e Twitter (1, 2, 3). “Copacabana absolutamente lotada. Maravilhosa”, escreveu outra usuária no último feriado de 7 de setembro.
Nessa data, manifestantes se reuniram nas principais cidades do país em atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro. O mandatário discursou em duas das manifestações do dia da Independência, onde repetiu seus ataques às instituições e ao sistema eleitoral brasileiro.
A foto compartilhada nas redes não retrata, contudo, um desses atos.
Uma busca reversa no Google mostra que a mesma imagem foi publicada em 13 de março de 2016 pela Agência Brasil. Creditada à fotógrafa Tânia Rêgo, a foto ilustrava uma reportagem sobre protestos realizados no mesmo dia contra a então presidente Dilma Rousseff (2011 - 2016).
A AFP também cobriu os protestos de 2016, que tinham como principais bandeiras o combate à corrupção e o impeachment de Dilma. Imagens feitas na época pelo fotógrafo da agência Vanderlei Almeida (1, 2) mostram o mesmo cenário visto na foto agora viralizada.
Segundo divulgado em 2016 pelos organizadores, cerca de 1,5 milhão de manifestantes teriam participado do protesto em Copacabana. Em 7 de setembro de 2021, a estimativa de comparecimento ao ato realizado no mesmo lugar foi de 20 mil pessoas.
“Apoio ao Juiz Moro”
Outro elemento confirma que o registro compartilhado nas redes não retrata uma das manifestações pró-Bolsonaro de 7 de setembro de 2021: um cartaz visto no canto inferior esquerdo da imagem que traz os dizeres “Apoio ao Juiz Moro”.
Sergio Moro, ex-juiz do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, era uma das figuras de destaque durante os protestos de 2016. Na época, o magistrado comandava o julgamento em primeira instância dos crimes identificados no âmbito da operação Lava Jato, incluindo alguns envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Moro se tornou aliado do presidente Jair Bolsonaro em 2018, quando aceitou assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública. No entanto, em abril de 2020, o ex-juiz rompeu com o governo Bolsonaro, pedindo demissão do cargo e acusando o presidente de tentar interferir em investigações policiais.
Desde então, Moro é alvo de fortes críticas por parte de partidários de Bolsonaro e é visto como um possível adversário nas eleições presidenciais de 2022.
A AFP cobriu a manifestação do último dia 7 de setembro em Copacabana. Abaixo, imagens que efetivamente retratam o ato deste dia: